Deepfake potencializa riscos de cibersegurança e exige grande esforço de mitigação

Helder Ferrão, gerente de Marketing de Indústrias para a América Latina da Akamai Technologies

Com o enorme avanço tecnológico, identificar falsificações tornou-se mais desafiador. No entanto, as políticas de segurança da informação podem se valer da própria Inteligência Artificial para desenvolver sistemas de detecção mais avançados e eficazes.

Nos últimos anos, uma preocupante ameaça tem emergido no cenário da segurança digital: a Deepfake. Trata-se de uma tecnologia que utiliza a Inteligência Artificial (IA), a Deep Learning (aprendizado profundo), para criar vídeos, áudios ou imagens falsas extremamente convincentes, nos quais pessoas podem ser manipuladas digitalmente para parecerem dizer ou fazer coisas que nunca fizeram. Segundo dados enviados pela Impressions, aplicativo de Deepfake, à Agência Pública, os brasileiros já são a segunda maior nacionalidade na plataforma, respondendo por 20% do total de usuários.

Para Helder Ferrão, gerente de Marketing de Indústrias para a América Latina da Akamai Technologies, essa capacidade de manipulação de mídia tem implicações profundas na segurança digital e requer uma resposta eficaz dos especialistas em cibersegurança. “O recente caso da imagem do Pentágono pegando fogo que viralizou na Internet e influenciou a queda das ações na Bolsa de Valores dos Estados Unidos, ou o comercial da Volkswagen que trouxe vida à Elis Regina cantando com Maria Rita, sua filha, são exemplos notórios do impacto dessa técnica. Nesse sentido, é preciso olhar com atenção para o avanço da Inteligência Artificial no que tange à cibersegurança.” 

A Deepfake é uma técnica que combina Inteligência Artificial avançada com aprendizado de máquina para criar vídeos falsos que parecem autênticos. Essa tecnologia usa algoritmos para analisar e sintetizar milhares de imagens e vídeos existentes de uma pessoa-alvo, possibilitando a criação de vídeos falsificados que podem enganar até mesmo os mais treinados olhos.

A IA aprende características a partir de mídias existentes e utiliza esses dados para gerar conteúdo manipulado. Embora programas rápidos e fáceis de usar possam criar Deepfakes de baixa qualidade, os mais convincentes requerem softwares de edição e equipamentos sofisticados.

As implicações da Deepfake na segurança digital são vastas e preocupantes, aponta o gerente da Akamai. Uma das principais consequências é o aumento do risco de ataques de phishing e engenharia social. “Com vídeos Deepfake convincentes, os criminosos podem criar situações em que parecem ser pessoas confiáveis, como CEOs, funcionários de instituições financeiras ou até mesmo amigos e familiares, enganando as vítimas e obtendo acesso a informações confidenciais. Além disso, a reputação e a confiança das pessoas, empresas e instituições também estão em jogo”, avisa Ferrão.

A disseminação de vídeos Deepfake pode levar a danos irreparáveis à imagem de uma pessoa ou organização, afetando relacionamentos, carreiras e até mesmo a estabilidade social. Políticos, celebridades, figuras públicas e pessoas comuns correm o risco de serem alvos de manipulações maliciosas, o que pode ter um impacto significativo em sua credibilidade e relacionamentos.

O papel da IA na cibersegurança

Com o avanço da tecnologia, identificar falsificações tornou-se mais desafiador. No entanto, nem tudo está perdido. Assim como a Deepfake utiliza IA para criar vídeos falsos, a cibersegurança pode se valer da mesma tecnologia para combater essa ameaça. A Inteligência Artificial pode ser usada para desenvolver sistemas de detecção de Deepfakes mais avançados e eficazes.

Ferrão explica que os algoritmos de aprendizado de máquina podem ser treinados para identificar anomalias nos vídeos, como imperfeições nos movimentos faciais, alterações sutis no tom de pele ou distorções na voz. Essas técnicas podem ajudar a diferenciar vídeos autênticos de Deepfakes e alertar os usuários sobre possíveis ameaças.

A tecnologia do Deepfake apresenta um desafio significativo para a segurança digital, mas também oferece oportunidades para o desenvolvimento de soluções avançadas. “A cibersegurança deve se apoiar na IA para aprimorar suas defesas contra a disseminação de Deepfakes e proteger os indivíduos, as organizações e a sociedade como um todo. É necessário um esforço conjunto para combater essa ameaça em constante evolução, garantindo um ambiente digital mais seguro e confiável para todos”, aponta o gerente da Akamai. 

Detecção e prevenção

Anormalidades ainda são comuns nas imagens geradas por IA, como detalhes estranhos nas orelhas, mãos, olhos e cabelos, principalmente em conteúdos que envolvem pessoas inexistentes. Porém, além da identificação, é crucial adotar medidas preventivas para evitar ataques cibernéticos com o uso dessa tecnologia. 

Ferrão explica que, para combater esta ameaça, é essencial fortalecer a educação e a conscientização em relação a elas. “É importante sempre verificar as fontes das imagens e vídeos antes de compartilhá-los ou tomar decisões baseadas neles, usando ferramentas de pesquisa reversa, por exemplo. Uma boa prática é consultar sites de notícias confiáveis e organizações de verificação de fatos em casos que envolvam figuras públicas ou políticos para validar a autenticidade do conteúdo”, comenta o gerente. 

Investir em tecnologia de detecção de Deepfakes também é fundamental para identificar conteúdo falso e prevenir danos significativos. Reforçar a segurança cibernética e manter sistemas e dispositivos atualizados com medidas robustas de proteção são outras estratégias importantes para prevenir ataques cibernéticos destinados a manipular informações.

“Ao adotar essas práticas, indivíduos e empresas podem se proteger melhor contra os perigos da Deepfake e minimizar os danos potenciais causados por ataques com essa tecnologia. A vigilância constante e a colaboração com especialistas em segurança cibernética são essenciais para garantir a integridade das informações compartilhadas e evitar disseminação de conteúdo falso”, finaliza Ferrão.

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