Pesquisa aponta que quase 100% dos investidores desconfiam dos relatórios ESG

Patrícia Falcão Bauer, vice-presidente de ESG da Abrac

Falta de certificação compulsória e de padronização de balanços divulgados estimula casos de greenwashing no setor, avalia a Abrac

Um total de 98% dos investidores do Brasil acredita que há informações falsas nos relatórios divulgados pelas empresas sobre Environmental, Social, and Governance (ESG). A pesquisa, divulgada este ano pela consultoria PwC, mostrou que a porcentagem global de desconfiança é de 94%.

O ato de divulgar informações falsas sobre este tema é conhecido como greenwashing, que literalmente significa “lavagem verde”. Empresas fazem uso dessa técnica antiética para conquistar uma posição melhor no mercado e ganhar a confiança dos consumidores. A falta de normatização para esses relatórios agrava a situação.

“É fundamental que haja uma maior regulamentação e normatização dos relatórios ESG”, destaca Patrícia Falcão Bauer, vice-presidente de ESG da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac). “A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu a PR 2030, que é uma prática recomendada com diretrizes e um modelo de avaliação para as organizações, o que é de grande auxílio”, completa Patrícia.

Porém, a vice-presidente acrescenta que a ausência de uma norma certificável no âmbito do ESG intensifica a desconfiança acerca dos relatórios: “Cada um pode escrever o que quiser sobre a sua própria empresa. Se houvesse a presença de um organismo certificador independente nesse processo, definitivamente haveria maior credibilidade”.

A pesquisa da consultoria PwC também apontou que 57% dos investidores acreditam que, com legislações sobre o tema, a confiança aumentaria significativamente, enquanto 26% creem que isso aconteceria de maneira moderada.

“Uma legislação que punisse mentiras nos relatórios emitidos, juntamente com uma certificação compulsória, contribuiria para que a cultura ESG fosse mais vista na prática do que apenas em promessas ou afirmações tendenciosas”, conclui Patrícia Bauer.

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