Levantamento da Fundação Dom Cabral e da Órbi Conecta, com apoio da Abstartups, mostra que 53,2% das empresas foram prejudicadas, enquanto 30,9% foram positivamente afetadas
Para compreender os impactos da pandemia do novo coronavírus nas atividades das startups brasileiras, a Fundação Dom Cabral e o Órbi Conecta, com o apoio da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), realizaram a pesquisa “Startups e os desafios da pandemia: adaptações e reinvenções no ecossistema”, que cobriu mais de 30 segmentos de negócios.
Entrantes de tecnologia, serviços, fintechs e edtechs, entre outras, foram ouvidas sobre os impactos do atual cenário para seus negócios e perspectivas. Constatou-se que 53,2% dos respondentes afirmaram terem sofrido impactos negativos, enquanto outros 30,9% foram positivamente afetados. O grupo não afetado engloba apenas 4,2% dos participantes da pesquisa. Uma parcela de cerca de 11,7% não consegue identificar, ainda, os impactos para suas empresas.
Os principais efeitos da pandemia sobre as startups cujas atividades foram negativamente afetadas são: perda de receita; prejuízo à dedicação das equipes e uso de espaços. Para aquelas cujas atividades foram positivamente afetadas, os impactos apontados foram: demanda de novos clientes; demanda por novos produtos e crescimento da receita.
Também há impactos comuns aos dois grupos: pressão para resolver problemas de curto prazo, mudança nas prioridades estratégicas das empresas e alteração das expectativas de faturamento para os próximos anos.
Entre as principais medidas adotadas pelas startups como reação ao momento atual estão, em ordem de relevância para o grupo positivamente afetado: 1) aceleração dos projetos em desenvolvimento; 2) ampliação de negócios com parcerias, investimentos ou participações em projetos com outras empresas; 3) expansão das atividades da equipe; 4) aumento de atividades comerciais da empresa; e 5) ampliação no orçamento para projetos planejados ou já em desenvolvimento.
“Alguns dos principais impactos que pudemos observar na pesquisa estão relacionados à aceleração forçada do processo de transformação digital das empresas. Embora isto já venha ganhando espaço há algum tempo, nunca foi tão crucial para a adaptação e reinvenção dos negócios e dos relacionamentos com o ecossistema”, afirma o professor Carlos Arruda, Diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e responsável pela pesquisa.
Criação de oportunidades
Segundo Anna Martins, Co-founder e Managing Director do Órbi Conecta, “percebemos nesta pesquisa que, ainda que a pandemia global provoque impactos negativos consideráveis para todos os setores da economia, por outro lado cria oportunidades únicas para as startups. Elas possuem a capacidade de se adaptar rapidamente e devem usar isso a seu favor para entender a direção das novas demandas dos clientes e assim sobreviverem”.
Com relação à adoção do desenvolvimento ou da adaptação de produtos para contribuir com o combate à covid-19, 33% apontaram intensidade máxima na adoção desta estratégia. Perfil parecido foi observado na adoção da busca por novas parcerias com grandes empresas: de um lado, 29,5% dos envolvidos responderam ser essa uma estratégia adotada em intensidade máxima, enquanto, do outro, 26,1% atribuíram a ela intensidade mínima.
O impacto geral mais imediato diz respeito às expectativas otimistas em relação ao futuro da empresa. Entre as startups que declararam terem sido positivamente impactadas pelo cenário, a pandemia desencadeou certo otimismo em suas expectativas, mesmo diante de forte pressão para resolver problemas de curto prazo.
De maneira geral, os resultados apontam para uma postura ativa das startups na reestruturação e reinvenção de seus negócios: quase 60% dos respondentes da pesquisa concordaram com este ponto, em grau 4 ou 5, os mais elevados do ranking.