Tecnologias emergentes ainda têm utilização inferior a 50% no setor jurídico

Alexandre Pegoraro, CEO da Kronoos

Atraso na incorporação de soluções impede ganhos de eficiência significativos, conforme avaliação do Gartner. Brasil tem 77 milhões de processos em tramitação, mostrando o potencial para o uso de ferramentas avançadas. 

A pesquisa global Hype Cycle para Tecnologias Jurídicas e de Conformidade que acaba de ser divulgada pelo Gartner trouxe como principal conclusão o fato de que muitos departamentos jurídicos estão subutilizando tecnologias maduras para o setor.

O estudo afirma que ferramentas tecnológicas que auxiliam na gestão do ciclo de vida dos contratos, por exemplo, ou instrumentos que atuam no gerenciamento de questões jurídicas ainda têm uma penetração inferior a 50% no mercado atualmente. 

Para o diretor de Consultoria na Prática Gartner Legal, Risk & Compliance, Zack Hutto, o fato de pelo menos metade dos departamentos jurídicos não terem implementado sistemas de registro fundamentais nessa área significa que inovações mais sofisticadas serão muito mais difíceis de explorar com sucesso. “Os departamentos estão perdendo ganhos de eficiência significativos a cada dia, enquanto esses sistemas fundamentais não estão em vigor”, explica.

O CEO da Kronoos, plataforma SaaS para compliance, Alexandre Pegoraro, cita os motores de busca como exemplo de ferramentas tecnológicas que aceleram o ganho de produtividade nos departamentos jurídicos e escritórios de advocacia. “Essas soluções são capazes de entregar em questão de minutos todas as informações necessárias para garantir o conforto do profissional na tomada de decisões. Sem elas o mesmo tipo de averiguação demora semanas”, afirma.

Segundo ele, com um sistema baseado em mineração de dados e crawling, o Kronoos consegue pesquisar em minutos junto à Receita Federal, Tribunais de Justiça, Diários Oficiais, Listas Restritivas, Birôs de Crédito, Google, Dados Cadastrais, sites da ONU, OFAC, Interpol e outras instituições, apontando com precisão o envolvimento de pessoas e empresas em casos de fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro, terrorismo, crimes ambientais ou emprego de mão de obra escrava e infantil, entre outros problemas.

Pegoraro afirma que apesar de a legaltech ter registrado um crescimento de 200% na carteira de clientes desde que foi criada, ainda há muito espaço para crescimento no Brasil. “Existem mais de 77 milhões de processos em tramitação no país. Os dados representam a média de um processo judicial para cada três habitantes, o que faz do Brasil um dos líderes no ranking de ajuizamento de ações, que produzem uma das maiores cargas de trabalho do mundo”, salienta.

Ele ressalta ainda que praticamente todas as semanas surge alguma agência reguladora, algum órgão de Estado, algum projeto parlamentar ou alguma proposta de governo sugerindo a criação de marcos regulatórios, reformas estruturais no arcabouço legal e uma série de outros instrumentos que, no final do dia, se resumem em mudanças nas leis que podem impactar os negócios e, portanto, ficam sob a responsabilidade da vigilância dos advogados. “Sem a ajuda da tecnologia, responder com eficiência a todo este volume de demanda é uma tarefa mais desafiadora a cada dia”, conclui.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *