Sônia Tuyama e Antonio Gerassi Neto, da Aurum
Depois de ser adquirida pela canadense Constellation, startup acelera negócios com soluções voltadas para escritórios de advocacia e departamentos jurídicos
Vender a sua empresa não é uma decisão fácil de tomar, mas os números mostram que essa manobra é uma forte estratégia de crescimento para as companhias. Foi o que ocorreu com a Aurum, empresa de tecnologia voltada para o setor jurídico. Depois que fechou o negócio com a canadense Constellation, em 2019, a lawtech apresentou crescimento consistente, entre 35% a 40% ao ano, feito que espera repetir em 2021.
Segundo Antonio Gerassi Neto, CEO da Aurum, o desempenho pode ser atribuído ao tipo de acordo negociado com os canadenses. Embora a Constellation tenha adquirido 100% da empresa, a gestão continua sendo de seus fundadores, com a condição de que a disciplina fiscal e a geração de caixa sejam mantidas. “Conseguimos crescer e gerar lucro”, afirma Neto. De acordo com o executivo, o que chamou a atenção dos canadenses foi o forte desempenho da empresa. “Seguimos nosso foco no plano de negócios, sempre com um olhar atento na inovação de soluções para atender advogados e departamentos jurídicos”, afirma.
A aposta da Aurum para repetir o crescimento este ano será aumentar em até 70% as vendas do software Astrea, carro-chefe da empresa, além de promover uma série de melhorias em seu primeiro produto, o Themis. O Astrea é um software por assinatura (SaaS) totalmente na nuvem, criado para advogados autônomos e escritórios de advocacia de pequeno e médio portes. Atualmente, são 8.700 clientes do Astrea, que vêm convertendo uma média de 400 novos clientes por mês. Ele representa 70% da receita da empresa e a previsão é que até o final do ano chegue a 13.000 clientes.
São oferecidas três modalidades: Plano Light (gratuito por um ano e direcionado para advogados individuais ou quem está começando), Plano Starter e Plano Pro. A Aurum também possui uma solução focada em grandes bancas e em departamentos jurídicos, o Themis, que responde por 30% do faturamento da empresa. De acordo com Neto, o fato de o Astrea ter sido criado centrado nas necessidades do usuário é um dos diferenciais do produto, que é reconhecido no meio jurídico por seu pioneirismo e qualidade. “Todos os softwares simplesmente replicam e automatizam a rotina do cliente. O Astrea mudou um pouco essa ideia”, afirma. Além dessa expectativa de crescimento, a Aurum planeja uma expansão em larga escala para novos mercados. E, talvez, expandir a atuação internacionalmente.
Origens da empresa
Enquanto a maioria das startups brasileiras nasceu após o ano de 2015, a Aurum acumula 27 anos de história desde sua fundação, em 1993. Embora o termo startups nem sequer tenha sido usado no período de sua fundação, a história da Aurum se parece muito com a de outras empresas de tecnologia: dois colegas de faculdade se juntam para empreender. A diferença é que os fundadores se tornaram esposo e esposa. Antonio Gerassi Neto e Sônia Tuyama – hoje head de produto – se conheceram e se formaram no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
A inspiração para criar a Aurum nasceu do primeiro cliente atendido por Neto: um grande escritório de advocacia. Após criar este software, ele e Sonia tiveram a ideia de lançar a empresa para atender a este público. O Themis foi o primeiro produto. “O software começou a ganhar tração e conquistamos alguns clientes grandes”, relembra Neto.
A empresa cresceu e se transformou. Após ser selecionada pela Endeavor para participar de eventos, inclusive fora do País, a Aurum promoveu uma virada de chave para o ecossistema das startups, há cerca de cinco anos. Hoje se posiciona no mercado como uma empresa de tecnologia e inovação na área jurídica, com um modelo de gestão com forte cultura interna, se desvinculando totalmente do modelo convencional. “E, com isso, conseguimos maior aceleração no negócio”, afirma Marcela Quint, diretora de marketing e uma das responsáveis pelo rebranding da marca.