Experiência humana é o que define a utilidade da Inteligência Artificial no Direito

Entre as mudanças com o uso da IA, está a economia de tempo e, nessa linha, contribuem ferramentas que deixam a informação jurídica num estágio de acessibilidade nunca antes visto. Outro braço dessas mudanças está, para além de coleta e organização da informação, na agilidade empregada na redação de contratos e também no surgimento de contratos inteligentes acoplados em blockchain

Rodrigo Totino*

Vivemos tempos de transformação digital e os efeitos dessas mudanças chegam agora de forma mais concentrada no fazer da inteligência jurídica. Sabemos dos potenciais que a Inteligência Artificial (IA) apresenta, especialmente, com o impacto de ferramentas mais populares como o Chat GPT em nossas vidas de forma ampla. Essa ferramenta é somente a ponta do iceberg de tudo o que está por trás desses avanços e do que vem por aí. Mas, temos que lembrar que, no Direito, tais progressos só fazem sentido se aliados à experiência humana, que comanda, atende e soluciona os problemas relacionados às grandes causas da sociedade, seja nos negócios ou nas relações sociais.

É notável o quanto a IA vem revolucionando a maneira como o trabalho jurídico é realizado, com efeitos observados em índices de eficiência e de precisão no segmento. A automatização, sem dúvida, uma das principais vantagens, se aplica na pesquisa jurídica e na descoberta de documentos – a base de muito o que influencia e sustenta o nosso trabalho. Mas qual o seu benefício? Em primeiro lugar, está a economia de tempo, que transforma dias de trabalho manual em minutos de processamento de dados. Nessa linha, contribuem ferramentas que deixam a informação jurídica num estágio de acessibilidade nunca antes visto.

Outro braço dessas mudanças está, para além de coleta e organização da informação, na agilidade empregada na redação de contratos e também no surgimento de contratos inteligentes acoplados em blockchain. Nessa linha, verificamos o impulso de ferramentas como LawGeex e OpenAI GPT-3, que reduzem expressivamente o tempo em tarefas rotineiras. Esses ganhos permitem aos profissionais da advocacia um maior gerenciamento da informação e que se concentrem em questões mais complexas.

Decisões mais informadas podem ser tomadas a partir da previsibilidade apresentada pela IA na análise, a priori, ancoradas em resultados de casos legais. Ferramentas como Lex Machina estão na vanguarda desta inovação.

Todos esses softwares, contudo, promovem inovações reais se, e só se, forem analisados os seus desafios. Os profissionais jurídicos vão se adaptar a essa nova realidade e muitos já estão adquirindo novas habilidades e navegando diretamente na raiz das questões.

As provocações que ando fazendo nos últimos meses são:

(i) quais as novas habilidades que os profissionais jurídicos deverão desenvolver?

(ii) qual a nova  tecnologia que pode trazer disrupção ao segmento?

(iii) qual a tecnologia que pode acabar com o modelo de advocacia que conhecemos hoje?

Diante disso, uma coisa é certa: a IA está entre nós e veio para ficar. À medida que continuar evoluindo, promoverá ainda muitas transformações no mercado jurídico. No entanto, essas mudanças ocorrerão, com certeza, com base nas experiências humanas e no discernimento do seu uso eficaz e ético.

*advogado-sócio e gestor do Machiavelli, Bonfá e Totino Advogados Associados, especialista em Direito Tributário e Empresarial

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