Censura? Especialista explica por que as redes sociais devem ser reguladas.

Antonio Gelfusa Junior, publicitário e especialista em educação e redes sociais

Com uma regulação robusta, teríamos um ambiente mais real e saudável de circulação de informação nas redes sociais, com pessoas e perfis reais, sem a quantidade grande que temos atualmente de perfis fake. Isso sem falar numa maior responsabilização dos que cometem crimes e disseminam desinformação.

Atualmente, é raro encontrar alguém sem um aplicativo de rede social instalado no smartphone. Segundo o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), 148 milhões de brasileiros estão no Facebook, 105 milhões no YouTube, 99 milhões no Instagram e 19 milhões no Twitter, ou seja, as redes sociais revolucionaram a forma com que as pessoas se conectam, se comunicam, se informam, fazem compras e compartilham informações.

“Gostando ou não, não podemos negar a influência das redes sociais para a difusão de conteúdo e principalmente na saúde mental de jovens. Com bilhões de usuários ativos nestas plataformas, é preciso repensar questões críticas sobre privacidade, segurança, disseminação de desinformação e discurso de ódio”, alerta Antonio Gelfusa Junior, publicitário e especialista em educação e redes sociais. Com 25 anos de experiência na comunicação on e offline de empresas de diversos segmentos, ele tem acompanhado de perto essa evolução e reforça que o pseudoanonimato é o que mais contribuiu para isso.

“A sensação de que as redes sociais são ambientes ocultos, inatingíveis e impunes é comum. Afinal, não é necessário documento oficial para registrar uma nova conta – é possível, inclusive, ter quantos perfis desejar, omitindo e mentindo sobre quaisquer informações que se desejar esconder. E, quanto aos cidadãos, sem uma educação midiática adequada para lidar com informações e checagens de fatos, eles também acabam sofrendo nesse processo”, explica Antonio.

Toda essa dinâmica das redes sociais acende diversos alertas e deixa perguntas sem respostas: como lidar com argumentos preconceituosos, fake news ou discursos de ódio divulgados online?  Como compreender melhor como nossas interações são influenciadas? Qual o papel das empresas e dos gerenciadores das redes dentro desse contexto?

“Como especialista em redes sociais há anos, acredito que com a regulação é mais fácil combater e punir os responsáveis por discurso de ódio e desinformação. Imagine que cada usuário de Instagram, Facebook e TikTok, por exemplo, teria que registrar seu CPF, endereço, entre outras informações. Com toda certeza seria um ambiente mais seguro onde seria possível monitorar crimes, mentiras, bullying, etc., que ocorrem todos os dias”, alerta o especialista.

Ameaça à democracia

Recentemente, a regulação das redes sociais voltou a ser discutida. O atual presidente já defendia a regulamentação da Internet quando era candidato à presidência em 2022 e, após ser eleito, voltou a tratar do assunto, culpando as plataformas digitais pela disseminação de informações que ameaçam a democracia.

Fora do Brasil essa regulação já é realidade. Antônio relembra que na Europa, por exemplo, a Lei de Serviços Digitais está em vigor desde 2022, o comércio eletrônico passou a receber maior auxílio por parte dos órgãos competentes, os riscos de golpes em transações por empresas certificadas são absolutamente menores. Na Flórida, EUA, também há esse tipo de fiscalização. O Tiktok para menores de 14 anos foi proibido, por conta do excesso de desinformação e estímulos visuais e emocionais que cientificamente já são a causa comprovada de danos à cognição dos jovens.

“O Brasil pode aprender com esses exemplos, ouvir sua base política, os profissionais, publicitários, jornalistas, idosos, jovens, famílias, veículos de comunicação, instituições educacionais e religiosas. Toda regulação que passa pelo tripé política, especialistas e sociedade civil tende a encontrar a melhor solução, prudente e equilibrada”, finaliza.

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