Bianca Lemos e Débora Ghelman, advogadas e sócias do escritório Lemos & Ghelman
Ganhando cada vez mais espaço no Judiciário, ferramenta rompe o tradicionalismo e facilita a comunicação com os clientes e com os profissionais de Direito
O Visual Law é uma técnica do design visual, em ascensão no mundo jurídico, que veio justamente para facilitar a comunicação com os operadores do Direito, fazendo com que não apenas uma explicação jurídica complexa de um advogado, por exemplo, seja melhor compreendida por seu cliente, mas também que um determinado conteúdo seja repassado de forma clara e objetiva para um outro profissional da área, como ocorre nos casos de petições de advogados destinadas a juízes.
A utilização moderada dos recursos gráficos no Judiciário foi defendida pela maioria dos magistrados da Justiça Estadual de São Paulo, que responderam, de forma anônima, a um questionário aplicado entre junho e novembro do ano passado. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a compreensão dos juízes em petições enviadas por advogados. Como resultado, 78% dos 503 magistrados de todo o País afirmaram acreditar que a técnica facilita a análise da petição, desde que aplicada com moderação.
O Direito por si só engloba muito tradicionalismo e solenidade, o que não significa, no entanto, que não exista espaço para a tecnologia e modernidade em conjunto com esse formalismo. Nesse sentido, a advogada Débora Ghelman, sócia do escritório Lemos & Ghelman e especialista em Direito de Família e Sucessões, avalia que “ainda existe uma certa resistência por parte de alguns operadores do Direito, em especial pelos mais conservadores, em aderir às técnicas do Visual Law em seu ambiente de trabalho”.
No entender da especialista, isso ocorre em razão da falta de conhecimento e aprofundamento de alguns profissionais no uso de ferramentas que fogem da sua zona de conforto. “O Word há muito tempo deixou de ser o único instrumento para o preparo de uma peça jurídica e as consequências da utilização do Visual Law já se mostraram positivas o bastante para que cada vez mais profissionais passem a empregá-lo em suas petições – unindo seriedade e modernidade em um documento solene e de fácil compreensão”, acrescenta ela.
Empresas especializadas na metodologia
Por ser uma técnica em crescimento, hoje já existem empresas especializadas apenas na prática do Visual Law. Este fato se deve ao grande número de profissionais que buscam o método não só em razão dos avanços tecnológicos da atualidade, mas também pelo benefício que esse tipo de comunicação traz àqueles que buscam uma solução para a dificuldade de compreender a linguagem jurídica.
Bianca Lemos, advogada e sócia da Lemos & Ghelman, assinala que “em nossa rotina de trabalho adotamos o lema ‘humanizar é também compreender’. Por isso, enxergamos a técnica do Visual Law como ferramenta imprescindível para a abordagem do Direito humanizado, já que com ela somos capazes de melhor compreender e sermos compreendidos pelos clientes”.
Assim, prossegue ela, “aspectos pessoais e emocionais do cliente são respeitados, na medida em que a complexidade do mundo jurídico é traduzida pela simplicidade resultante das técnicas do Visual Law. A ‘robotização’, característica de muitos advogados, dá lugar a uma escuta mais empática”, finaliza.