Executivo tem mais de 20 anos de experiência no setor e assume em meio a impasse jurídico de proporções bilionárias envolvendo a companhia
A Eletronet, operadora nacional de telecomunicações controlada pela Eletrobras, anunciou nesta semana a nomeação de Rogério Garchet como seu novo CEO. O executivo chega à presidência da companhia com mais de 20 anos de experiência no setor, tendo ocupado cargos de liderança nas áreas de marketing e vendas B2B na Algar Telecom e na Vero Internet.
A mudança no comando da Eletronet, celebrada por veículos especializados, como Telesíntese e Portal Teleco, ganha novos contornos com a publicação de nota na coluna Radar Econômico, da revista Veja, que chama atenção para um impasse jurídico de proporções bilionárias envolvendo a companhia.
Segundo a coluna, a Eletronet enfrenta um processo judicial envolvendo as empresas MinasMais e Elig, responsáveis pelo fornecimento de hardware e software essenciais à instalação e manutenção de sua rede de transmissão. Os ativos tecnológicos dessas empresas são considerados de alta relevância para o funcionamento do backbone nacional, estrutura responsável por sustentar o tráfego de dados em larga escala em todo o território brasileiro.
As empresas fornecedoras alegam que seus contratos foram desrespeitados e apontam uso indevido de suas tecnologias por parte da operadora. O caso, em trâmite judicial, poderá gerar impactos não apenas financeiros, mas também operacionais, caso as decisões judiciais venham a restringir o uso de sistemas ou equipamentos em funcionamento na atual malha de telecomunicações da Eletronet.
A chegada de Garchet ocorre, portanto, em um momento de desafios institucionais e alta complexidade jurídica. Especialistas do setor apontam que a solução para o impasse não depende apenas da nova gestão executiva, mas de ações coordenadas entre o setor público, a Eletrobras (controladora da operadora), o Poder Judiciário e os órgãos de controle.
A expectativa agora é que a nova liderança da Eletronet contribua para a abertura de diálogo entre as partes envolvidas, promovendo maior transparência e responsabilidade institucional. O caso desperta atenção em Brasília, principalmente entre parlamentares da Frente Digital e órgãos que acompanham os investimentos em infraestrutura crítica para a conectividade nacional.
Entenda o que está em jogo
- A Eletronet opera cerca de 16 mil km de redes de fibra óptica em alta capacidade por meio de concessão de infraestrutura da Eletrobras;
- As empresas MinasMais e Elig, hoje em litígio com a operadora, detêm a propriedade de parte do hardware e do software que sustentam os sistemas de operação da rede;
- Caso a Justiça reconheça ilegalidade no uso desses ativos, a Eletronet poderá sofrer bloqueios operacionais e danos financeiros;
- O setor teme que a insegurança jurídica afaste investimentos e comprometa a estabilidade de serviços públicos e privados que dependem da infraestrutura da empresa.
Procurada, a Eletronet ainda não se pronunciou oficialmente sobre o processo judicial. O novo CEO, Rogério Garchet, deve apresentar um plano de gestão nos próximos dias. A sociedade civil, entidades reguladoras e fornecedores do setor aguardam desdobramentos.