O uso ético e responsável dos dados é fundamental para evitar discriminação algorítmica e assegurar que a tecnologia seja usada para o bem da sociedade, não para prejudicá-la
Eduardo Hiro (*)
Nos dias de hoje, a Internet se tornou uma parte fundamental de nossas vidas, permitindo-nos realizar uma ampla gama de atividades, desde compras online até compartilhamento de momentos com amigos e familiares em redes sociais. No entanto, essa crescente dependência da tecnologia também traz consigo um desafio crucial: a proteção de nossos dados pessoais.
A proteção desses dados é mais do que apenas uma preocupação sobre a privacidade individual, é um imperativo ético e legal que afeta todos nós. Em um mundo onde nossas informações pessoais podem ser coletadas, armazenadas e utilizadas sem nosso consentimento, a regulamentação adequada e a conscientização sobre a proteção de dados tornam-se essenciais.
A legislação de proteção de dados, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), tem desempenhado um papel fundamental na garantia de que nossos dados pessoais sejam tratados com respeito e cuidado. Essas regulamentações estabelecem diretrizes claras para as empresas e organizações que coletam dados pessoais, exigindo transparência, consentimento informado e medidas de segurança robustas.
Segundo o mapa de proteção de dados ao redor do mundo da SERPRO, o grau de adequação do Brasil se encontra em Autoridade e lei(s) de proteção de dados pessoais. No entanto, o portal Febraban Tech traz um levantamento de que 80% das empresas não estão adequadas à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Este é um enorme risco empresarial, pois a proteção de dados pessoais também se estende ao combate de práticas abusivas, como o compartilhamento não autorizado de informações com terceiros ou a utilização de dados para fins de marketing invasivo. O controle sobre nossos próprios dados nos dá a capacidade de decidir como nossas informações são utilizadas e compartilhadas, empoderando os indivíduos em um mundo digital.
Adoção de Inteligência Artificial
Essa necessidade também é importante em um cenário em que a Inteligência Artificial e a análise de dados desempenham um papel crescente em diversas indústrias. De acordo com o Gartner, até 2024, três em cada quatro operações devem adotar IA para análise de dados. O uso ético e responsável dos dados é fundamental para evitar discriminação algorítmica e assegurar que a tecnologia seja usada para o bem da sociedade, não para prejudicá-la.
Portanto, é responsabilidade de governos, empresas e indivíduos abraçar a proteção de dados pessoais como um princípio fundamental na era digital. A educação sobre os direitos de privacidade, o apoio à regulamentação eficaz e o investimento em tecnologias de segurança são passos essenciais para garantir um futuro digital seguro e ético para todos.
Entendo que a proteção de dados pessoais é um pilar fundamental da sociedade digital moderna. Garantir que nossas informações pessoais sejam tratadas com respeito e segurança não é apenas um direito, mas também uma responsabilidade que todos nós compartilhamos. Afinal, a privacidade é um direito humano fundamental, e sua proteção é crucial para preservar nossa dignidade na era digital em que vivemos.
(*) Sócio fundador da 5F Soluções em TI. Especialista em cibersegurança, atua como diretor responsável pela área de Produtos e Soluções da empresa.