Na nova era digital, colaboração é palavra de ordem! Ela terá que balizar as ações dos líderes, que devem incentivar o trabalho em equipe, compartilhar suas ideias, buscar resultados inovadores, mas sempre alinhados aos objetivos do negócio.
Mary Pereira (*)
Em tempos de transformação acelerada, que demandou mudanças profundas nas empresas e na sociedade, o setor de Recursos Humanos (RH), que por décadas foi visto como operacional e burocrático, não ficou de fora. Os gestores tiveram que se adaptar a toque de caixa para enxergar e gerenciar o novo colaborador de forma estratégica com o suporte de soluções tecnológicas capazes de aprimorar os processos da área e preservar a continuidade dos negócios, crescimento e produtividade das organizações. Esse movimento foi denominado RH estratégico.
Nessa jornada de adaptação aos novos modelos de trabalho remoto em curso, as lideranças de RH enfrentam o desafio de adotar novas formas de se relacionar, mobilizar e estabelecer parcerias fortes com as equipes de todas as áreas e níveis da hierarquia, bem como com o mercado e todas as partes interessadas no negócio, como forma de criar engajamento para estimular o trabalho colaborativo, como também atrair talentos com valores alinhados aos propósitos da empresa e criar diferenciais competitivos.
O novo gestor de RH tem à sua mão a possibilidade de adotar tecnologias emergentes que permitam a criação e implementação de processos e metodologias ágeis e inovadoras, que vão desde ações básicas, como programas de seleção de estagiários, até treinamentos e certificações técnicas e profissionais dos colaboradores, tendo um impacto positivo com percepção imediata na operação da empresa.
Para garantir que o RH estratégico seja bem-sucedido nesse cenário de inovação onde a busca por colaboração é um elemento-chave, é vital que os gestores da alta administração ofereçam seu apoio total à iniciativa e acelerem a capacidade da organização de aprender, transferir conhecimentos, identificar e desenvolver competências que diferenciem o negócio em seu mercado de atuação.
É essencial que entendam que na verdade esse movimento é parte de um processo mais amplo de transformação organizacional pelo qual passam todas as empresas que têm como objetivo promover mudanças ao mercado.
Na nova era digital, colaboração é palavra de ordem! Ela terá que balizar as ações dos líderes, que devem incentivar o trabalho em equipe, compartilhar suas ideias, buscar resultados inovadores, mas sempre alinhados aos objetivos do negócio. Além dos recursos tecnológicos que permitem a gestão à distância, a liderança digital precisará estabelecer uma relação de proximidade, acolhimento e passar confiança aos colaboradores como forma de incentivar e manter o ambiente colaborativo.
Com relação aos desafios que essa nova liderança deve enfrentar, uma pesquisa feita pelo MIT Sloan Management Review conduzida com líderes de todos os setores (4.394 no total) em mais de 120 países, revelou que, enquanto 82% dos executivos acreditam que os líderes da nova economia precisarão ter conhecimento digital, menos de 10% concordam que suas organizações já têm lideranças com as habilidades certas para prosperar na economia digital.
Líderes sêniores despreparados
Os dados atestam que existe um número expressivo de líderes sêniores despreparados e com habilidades e atitudes desatualizados em grandes organizações, o que os torna isolados de seus colaboradores. Outro fator que pode ser um agravante é sua convivência com líderes nativos digitais e de alto potencial, que acaba por criar um clima propício para que os “antenados” deixem as empresas, prejudicando sua imagem, presença e competitividade no mercado.
Por outro lado, faz-se necessário que as lideranças, em todos os níveis, revejam e se apropriem do seu papel como protagonistas da mudança e que, ao buscarem preservar o status atual, adotem ações rápidas e genuínas que passam pelo autoconhecimento e mudança de mindset, mapeando objetivamente as competências que as trouxeram até aqui e quais as novas que precisarão adquirir ou mesmo reciclar, requeridas para o futuro que já começou.
A participação em programas de formação de Liderança 4.0 poderá contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional dos gestores, bem como para a consolidação da cultura organizacional, seus processos e estrutura de trabalho alinhados aos valores da empresa, que passará cada vez mais pela humanização das relações humanas através de um olhar e atuação sistêmica, que serão fundamentais para a sua permanência nesse cenário de inclusão e diversidade pelo qual passam as empresas e o mercado atualmente.
(*) Chief Human Resources Officer (CHRO) no Grupo Binário