Startups melhoram os parâmetros de conformidade regulatória com o auxílio de tecnologias como cloud, Big Data, biometria, Inteligência Artificial, aprendizado de máquina, análise semântica e Blockchain
Gerard Doornbos (*)
Há poucos dias da implementação da Fase 2 do Open Banking no Brasil, iniciada no dia 13 de agosto, os impactos da transformação digital em um dos setores mais tecnológicos do País trazem à tona uma discussão, no mínimo, bem rentável: o que será que podemos esperar deste segmento para os próximos anos?
Não há dúvidas de que o setor de serviços bancários sempre foi pioneiro em se antecipar às evoluções tecnológicas, atualizando, constantemente, seus sistemas de TI e utilizando ágeis metodologias de desenvolvimento a fim de criar novos produtos e serviços para uma melhor experiência do usuário.
A prática de compartilhar informações financeiras de forma eletrônica, segura e somente em condições aprovadas pelos clientes, proposta pelo Open Banking, inclusive, já é um grande salto nesse sentido.
Os novos regulamentos pretendem preparar o caminho para um serviço de valor agregado mais personalizado e uma classificação de crédito mais precisa e direcionada. Com isso, o Open Banking está mudando a forma como os bancos fazem negócios.
As instituições tradicionais estão procurando a maneira certa de evoluir. Algumas optando por um banco digital inteiramente novo para atrair novos segmentos demográficos, e outras por reconstruir e mudar a sua marca.
Somente no Reino Unido, dados da PwC apontam que 64% da população bancária e 71% das PMEs deverão aderir aos serviços do Open Banking até 2022.
Porém, independentemente do ritmo em que avancem as reformas relacionadas ao Open Banking, seja no Brasil como ao redor do mundo, é inegável que o surgimento de novos players, como as fintechs, também vem revolucionando não só o modo como enxergamos e lidamos com o mercado financeiro, como impulsionando os grandes bancos a mudar a forma de conduzir os seus negócios.
Investimentos sustentáveis
De acordo com uma pesquisa recente divulgada pela Global X, 86% dos millennials demonstram interesse na ideia de fazer um investimento sustentável. Já 61% relataram ter efetuado um investimento sustentável no ano passado. E 75% acreditam que seus investimentos poderiam gerar um impacto para reverter a mudança climática.
Seguindo nesse caminho, marcado por um significativo depósito de esperança, as aplicações práticas do conceito de regtech também são as próximas a entrar na conta.
Composto pelos termos reg, de regulamento, e tech, de tecnologia, as regtechs surgem como empresas de base tecnológica cujo objetivo é melhorar os parâmetros de conformidade regulatória com o auxílio de tecnologias como cloud, Big Data, biometria, Inteligência Artificial, aprendizado de máquina, análise semântica e Blockchain.
Espera-se que o mercado global da regtech cresça de aproximadamente R$ 21 bilhões em 2018 para R$ 61 bilhões até 2023. E esse crescimento ocorrerá, principalmente, em decorrência da necessidade dos bancos de encontrarem formas de evitar pesadas multas que podem enfrentar por não se manterem em compliance.
Assim sendo, a aplicação de tecnologias de Inteligência Artificial poderá permitir uma redução significativa de custos de operação, ao mesmo tempo em que promove uma série de melhorias em relação ao funcionamento dos sistemas.
Outro destaque ainda dentro desse cenário vai para a Economia Colaborativa, que está em constante evolução, adaptando-se às necessidades que surgem diariamente na sociedade. É um fenômeno transversal e global, visto que afeta diversos mercados e setores.
Plataformas colaborativas
Com isso, alguns serviços tradicionalmente oferecidos por bancos – como empréstimos, envio de dinheiro, seguros, investimentos e criação de moedas criptográficas e sociais, por exemplo – passam a ser disponibilizados em plataformas colaborativas, nas quais existe uma maior interação social, uma melhoria na eficiência do serviço e um preço e um serviço final com melhores condições para o utilizador.
E diante de tanta novidade, como comunicar todas essas iniciativas de maneira assertiva aos clientes? A resposta é simples: através das mídias sociais, que, mais do que um canal de comunicação, se tornam um local onde é possível criar relacionamentos estáveis e lucrativos com os consumidores, a um custo relativamente mais baixo em comparação com as agências bancárias.
O maior desafio na integração de mídias sociais e canais bancários, porém, é o de proteger as informações pessoais, sobretudo a partir da sanção da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). O que fará com que as instituições financeiras, cada vez mais, garantam e implementem soluções para tornar suas plataformas totalmente seguras.
Afinal, de todas as possibilidades apresentadas, a resposta certeira para o que podemos esperar do setor bancário para os próximos anos é mesmo esta: um futuro digital versátil, conveniente e seguro que, aliás, já não é nem futuro. É realidade.
(*) Vice-presidente de Negócios da Softtek Brasil