A tecnologia na investigação patrimonial é uma ferramenta extremamente poderosa nas mãos dos analistas, permitindo um aprofundamento rápido em um grande volume de dados e revolucionando a forma como os processos são realizados
João Paulo Marques (*)
O avanço da tecnologia no século XXI inegavelmente tem revolucionado diversas áreas do mercado, tornando processos mais rápidos, detalhados e assertivos. No setor de concessão de crédito, por exemplo, a agilidade das análises, o nível de detalhamento das informações e a maior assertividade que tem sido proporcionada pela tecnologia estão diretamente vinculados aos resultados financeiros e à mitigação de riscos das empresas que atuam neste segmento.
No que diz respeito à investigação patrimonial, que pode ser utilizada desde a concessão até a recuperação de crédito, a tecnologia tem, da mesma forma, revolucionado a forma como os processos são realizados.
No mundo dos negócios, uma das primeiras aplicações da tecnologia fora da área de criação de produtos e serviços é a Business Intelligence, uma metodologia que utiliza a Tecnologia da Informação no suporte à tomada de decisões no âmbito empresarial, auxiliando na interpretação e análise de dados de diversos setores de dentro e de fora de um negócio.
Nesse sentido, o conceito de maximizar a capacidade de coleta, organização e análise de dados passou a ser um dos temas centrais da tecnologia aplicada a negócios, e é essa mesma estrutura que influenciou as novas metodologias de investigação aplicada ao segmento de recuperação de crédito.
Além disso, com o surgimento de plataformas eletrônicas de pesquisa de informação sobre pessoas físicas e jurídicas, a implantação de sistemas de processos judiciais eletrônicos e as opções cada vez mais rápidas e simplificadas para solicitar busca de bens, o processo de recuperação de crédito, por consequência, vem se tornando cada vez mais tecnológico.
No passado, essa variedade de fontes de dados poderia se tornar um problema, devido às limitações tecnológicas da época que não forneciam soluções de coleta e análise para volumes de dados como os dos dias de hoje, que ultrapassam a capacidade humana se utilizadas apenas técnicas manuais.
Com a finalidade de solucionar essa problemática nasceu o Big Data, uma área de conhecimento dentro da Tecnologia da Informação que estuda como tratar, analisar e obter informações a partir de grandes volumes de dados. Em outras palavras, tecnologias como essa podem poupar dias de trabalho de análise, fornecendo aos analistas subsídios para direcionar suas investigações de forma muito mais célere.
Uso de Machine Learning
Além de uma solução de coleta e organização, há estudos que têm por objetivo proporcionar essas mesmas melhorias para a análise através da Inteligência Artificial, usando o conceito de Machine Learning, uma tecnologia que é direcionada para aprender com a análise, adaptando seu comportamento de forma autônoma através de sua própria experiência na leitura de dados.
Por fim, diante de todos os avanços tecnológicos, a investigação patrimonial encara um dilema enfrentado por diversas outras atividades: é possível retirar o fator humano da investigação, deixando-a a cargo exclusivo da tecnologia?
Por se tratar de um processo delicado e extremamente analítico, a investigação patrimonial ainda não pode ter o fator humano totalmente substituído pela tecnologia. Contudo, a tecnologia na investigação patrimonial se torna uma ferramenta extremamente poderosa nas mãos dos analistas, permitindo um aprofundamento rápido em um grande volume de dados.
Utilizar a tecnologia para além das formas convencionais durante o processo de análise, concessão e recuperação de crédito pode ser, sobretudo, um diferencial competitivo para as empresas do ramo.
(*) Diretor de Tecnologia da informação na Leme Inteligência Forense, desenvolvedora de produtos e ferramentas que auxiliem na busca de certidões, investigação de patrimônio e entrega de documentos no Brasil e no exterior.