A chegada do novo ambiente virtual altera nossa cultura e nossas práticas de privacidade. Os dispositivos de segurança também precisam ficar ainda mais sofisticados, com leitura de íris e autenticação em múltiplas etapas.
Fabio Soto (*)
Metaverso é um dos assuntos mais presentes no mundo da tecnologia. Empresas estão se preparando para esta nova etapa da história da Internet, alguns artistas e influencers já criaram seus avatares e companhias adquiriram terrenos para marcar presença no mundo mais virtual que conhecemos até agora.
Esta é uma nova etapa na forma como nos relacionamos. Apesar de estarmos cada dia mais desafeitos a contato físico, seguimos nos interessando em criar e manter laços com outras pessoas. As redes sociais e os mensageiros instantâneos nos ajudam muito a nos comunicar, seja com parentes e amigos próximos, seja com empresas com as quais fazemos alguma compra ou outro tipo de negócio.
As pessoas poderão criar personagens ou melhorar aquilo que consideram imperfeito, criando personas para viver no mundo virtual. Novas relações vão ser desenhadas e o impacto disso na sociedade ainda não podemos mensurar.
A próxima etapa, porém, será ainda mais imersiva. No Metaverso, as empresas poderão realizar diversos tipos de interação com seus consumidores, seja para “bens virtuais”, ou para roupas, móveis, utensílios para os avatares, seja para a vida real, com a oportunidade de oferecer experiências a serem replicadas no mundo físico.
Amplia-se agora o conceito do consumer experience, com novas alternativas para encantar o público que vai às compras. Outro setor em que o Metaverso causa expectativas positivas é o da saúde. Se hoje a telemedicina avança como recurso para aperfeiçoar os tratamentos a uma população distante dos hospitais e clínicas, imaginemos a possibilidade de aprendizado e troca de experiências entre a comunidade médica que o Metaverso vai proporcionar.
Como tudo, existem pontos positivos e negativos nessa nova jornada. Para todos eles, uma questão é muito importante de ser analisada e cuidada: a segurança. Se pensamos nas pessoas físicas, temos questões de validação de identidade. Como saber se aquele indivíduo que está tentando interagir é ele mesmo? Seus dados estão corretos? Sua maneira de se comunicar está de acordo com as normas do espaço virtual? Quando houver contato fora do Metaverso, por e-mail ou outras formas, teremos maneiras de nos proteger de possíveis golpes?
No âmbito corporativo, muitas outras questões devem ser levadas em consideração para evitar golpes, compras fraudulentas, interações fictícias, entre outras. Quanto mais interações houver, maior a necessidade de utilizar tecnologia também na parte de segurança para garantir o sucesso da empreitada no Metaverso.
Legislações sobre a privacidade de dados
As empresas também devem estar muito atentas às legislações específicas de cada setor em que atuam em relação à privacidade de dados de seus clientes e parceiros de negócios. Soma-se a esse fator a conformidade com todas as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Como costumo dizer, os conceitos de segurança que aplicamos em nossa vida fora das telas e da Internet devem ser também aplicadas nas experiências virtuais. A chegada do Metaverso altera nossa cultura das práticas de privacidade na sociedade. Os dispositivos de segurança também precisam ficar ainda mais sofisticados: leitura de íris, autenticação em múltiplas etapas e bom senso sempre. Essas serão premissas muito importantes para lidar com o mundo ainda mais virtual.
A segurança da informação deve fazer parte do nosso dia a dia desde já. Quanto mais formos agentes da segurança, mais protegidos estaremos quando o Metaverso deixar de ser somente uma tendência para se tornar mais presente no cotidiano. Não devemos esperar que somente as empresas tomem conta de todas as nossas informações: devemos também fazer nossa parte já no presente.
(*) CEO da Agility