No mercado de créditos judiciais, a Jurimetria desponta como uma ferramenta eficiente para desbloquear valores em um dos sistemas judiciais mais sobrecarregados do mundo. A startup Artemis tem movimentado o setor ao operar com dados que fundamentam decisões, viabilizando transações entre gestoras e escritórios de advocacia.
Diante do alto volume de recursos financeiros travados no Judiciário, o Brasil se tornou um território de oportunidades para o mercado de crédito judicial, valores que pessoas físicas ou empresas têm a receber por decisões favoráveis em processos. Antes vistos como ativos de alto risco e baixa previsibilidade, esses créditos passaram a atrair o olhar de gestoras e investidores institucionais. O fator por trás dessa mudança? O avanço da Jurimetria, foco de atuação da startup Artemis, que busca viabilizar melhores decisões com desfechos positivos para todos os envolvidos.
A Jurimetria usa dados estatísticos e Inteligência Artificial para decifrar o comportamento dos tribunais. Com ela, é possível identificar padrões em decisões, estimar prazos e calcular riscos de diferentes tipos de ações. O resultado é uma avaliação mais precisa de ativos que, até pouco tempo atrás, eram cercados de incertezas.
“Por anos, houve um desequilíbrio entre essas duas partes. De um lado, as gestoras com capital disponível. De outro, a escassez de ativos estruturados com perfil jurídico adequado. As gestoras têm interesse em investir em ativos judiciais, mas enfrentam dificuldades devido à falta de estrutura, previsibilidade e acesso. É nesse gap que entra a Jurimetria, estruturando esses ativos, fornecendo dados que fundamentam as decisões e viabilizam as transações”, explica Bruno Bitelli, CEO da Artemis, startup especializada na aplicação de Jurimetria no mercado de crédito judicial.
Os números mostram a dimensão do problema. Segundo o CNJ, há 84 milhões de processos em tramitação no Brasil — só em 2023, foram 35 milhões de novos casos, um aumento de quase 9,5% em relação a 2022. Muito desse dinheiro preso poderia estar movimentando a economia, mas esbarra na burocracia e na falta de mecanismos para estruturar esses créditos.
União de expertises
A Artemis foi criada em 2023 unindo as expertises de seus sócios, Bruno Bitelli, Eduardo Ferrari e Giuliano Giuzio, em tecnologia, Inteligência Artificial, mercado de investimentos e crédito judicial.
A empresa utiliza tecnologia proprietária, com mesa comercial integrada à infraestrutura, para analisar processos judiciais e prever sua probabilidade de sucesso, uma diferenciação em relação aos métodos tradicionais de originação. A partir dessa análise, consegue fazer conexões precisas entre esses ativos e as gestoras interessadas neste tipo de investimento.
“O Judiciário é lento, mas tem padrões. Quando traduzimos esses padrões em dados, criamos uma nova lógica de investimento, mais próxima do que já existe em mercados maduros”, explica Bitelli.
A iniciativa reflete a busca por ativos alternativos em um cenário de volatilidade econômica. “O mercado de créditos judiciais ainda tem desafios, mas a Jurimetria surge como uma ferramenta eficiente para desbloquear valores em um dos sistemas judiciais mais sobrecarregados do mundo”, conclui o CEO.