O objetivo é que cada usuário tenha a sua própria “carteira” digital com todas as suas credenciais de identidade fornecidas por emissores autorizados, seja ele o governo ou o seu empregador. A mesma pode ser usada em momentos que exigem a validação da identificação, por exemplo, check-in em um hotel ou em um jogo de futebol etc.
Dyogo Junqueira*
Cerca de 83% dos dados de uma pessoa são mantidos por empresas com as quais interagiram apenas uma vez na vida, segundo apurou uma pesquisa que visou apurar qual o destino dos dados pessoais. A revelação aponta um problema: as pessoas praticamente não sabem disso e, quando se dão conta enfrentam dificuldades para resolver a situação.
Recentemente, os especialistas em segurança digital vêm debatendo o tema, o que fez surgir um novo conceito: a Identidade Digital Descentralizada, em inglês decentralized digital identity (DCI), que visa dar aos consumidores o poder sobre suas próprias credenciais de identidade por meios digitais. Não estamos falando de um RG digital, que já existe em muitos países. A DCI também é tratada como identidade autossoberana, composta por informações que cada pessoa constrói ao longo da vida, na interação com órgãos públicos, outras pessoas, escolas, trabalho, bancos, serviços e sistemas. Exemplo: RG, o CPF, caderneta de vacinação.
As pessoas não possuem a capacidade de rastrear todos os bancos de dados de todas as empresas com quem mantém – ou mantiveram – um relacionamento de negócio. Por isso, este debate se faz necessário, principalmente porque a quantidade de serviços online oferecidos aumenta exponencialmente e fica difícil para qualquer um saber onde estão realmente os seus dados.
Com os seus dados espalhados pelo mundo – sim, porque os serviços online são globais, mesmo sendo oferecidos por uma empresa local – e os risco de violações são elevados. A abordagem de Identidade Descentralizada impulsiona a tecnologia blockchain para a superação destes desafios, permitindo aos usuários retomarem o controle de suas informações pessoais.
De acordo com o Gartner, a privacidade e a segurança da identidade digital descentralizada podem mitigar o risco associado a armazenamentos de identidade centralizados, que continuam a expor dados de identidade em violações e potencializa o uso de tecnologias como o blockchain. Ele funciona como um livro-razão digital compartilhado e imutável, usado para registrar transações e rastrear ativos e que aumentar a confiança ao impedir que qualquer alteração seja realizada sem que ela seja imediatamente identificada.
A ideia por trás da Identidade Digital Descentralizada é que cada usuário tenha a sua própria “carteira” digital com todas as suas credenciais de identidade fornecidas por emissores autorizados, seja ele o governo ou o seu empregador. Esta identidade digital pode ser usada em momentos que exigem a validação da identificação, como por exemplo, check-in em um hotel ou em um jogo de futebol ou uma apresentação do artista preferido. Neste procedimento, apenas as informações que o usuário autoriza serão compartilhadas com o prestador do serviço por meio desta carteira digital.
Passaportes de vacinação
Como a exigência do passaporte vacinal, uma nova exigência imposta pelo combate à pandemia da Covid-19, o ingresso a muitos países e eventos com grande número de participantes, verificação dos dados pessoais se tornou necessária, o que eleva o grau de dificuldade de controle dos dados pessoais. O compartilhamento dos dados de Saúde das pessoas já está no topo das prioridades e a Identidade Digital Descentralizada se apresenta como uma solução para este incômodo.
Soma-se a isso outra estimativa do Gartner, que sinaliza que a DCI se tornará um padrão já em 2024, ou seja, em breve, o que tornará a Identidade Digital Descentralizada como o futuro da identidade digital, permitindo a soberania dos dados por parte das pessoas. Com isso, as organizações não precisarão armazenar dados pessoais para realizar a verificação de identidade.
* vice-presidente de vendas e marketing da ACSoftware, parceira ManageEngine no Brasil