IA pode reduzir em até 80% o tempo de espera por decisões judiciais

Thaís Lino, especialista em IA da dataRain

No Brasil, onde há apenas 8,2 magistrados para cada 100 mil habitantes, menos da metade da média europeia que é de 17,4, a Inteligência Artificial surge como uma ferramenta indispensável para aliviar a carga de trabalho dos juízes, impactando diretamente na eficiência dos tribunais e na celeridade dos processos

O uso da Inteligência Artificial (IA) no sistema judiciário brasileiro tem sido tema de ampla  discussão. E a constatação é que isto pode reduzir o tempo de espera por decisões em até 80%, conforme afirma a especialista em IA da dataRain, Thaís Lino. Esta estimativa é baseada na capacidade das ferramentas de IA de processar e analisar informações jurídicas com uma velocidade incomparável, impactando diretamente na eficiência dos tribunais e na celeridade dos processos.

A especialista destaca que um dos exemplos mais emblemáticos é o tempo médio que um ser humano leva para analisar processos de grandes volumes. “Um processo com 488 páginas, por exemplo, pode demandar cerca de cinco horas para ser lido e compreendido por um advogado. No entanto, com a ajuda da IA, esse tempo pode ser reduzido para apenas alguns minutos, possibilitando uma análise detalhada em uma fração do tempo tradicional”, compara.

Para ela, essa economia de tempo não só beneficia advogados, mas também o próprio sistema judiciário, que historicamente lida com a morosidade em diversas instâncias. No Brasil, onde há apenas 8,2 magistrados para cada 100 mil habitantes, menos da metade da média europeia que é de 17,4, a IA surge como uma ferramenta indispensável para aliviar a carga de trabalho dos juízes. “Processos que poderiam se arrastar por anos podem ser acelerados, promovendo um acesso mais rápido à Justiça”, ressalta.

Previsão de resultados de litígios

Thaís destaca que a IA não se limita à leitura e análise de documentos: “Ferramentas de IA já estão sendo usadas para prever resultados de litígios, revisar contratos e até realizar pesquisas jurídicas de forma automática. Isso significa que tarefas que antes demandavam dias, ou até semanas, podem ser realizadas em horas ou minutos, transformando a prática jurídica e permitindo que os profissionais se concentrem em questões mais complexas e estratégicas”.

No entanto, a especialista alerta para os desafios inerentes ao uso da IA no Direito. “Dependência excessiva de tecnologia pode expor o sistema a falhas técnicas e a questões éticas, como o viés algorítmico. Por isso, é fundamental que a IA seja utilizada como uma ferramenta de apoio, com revisão humana contínua para garantir a precisão e a justiça nas decisões”, recomenda.

Diante desse cenário, a regulamentação da IA no setor jurídico também se torna uma prioridade. “É preciso estabelecer diretrizes que garantam o uso ético e transparente da IA, preservando os direitos fundamentais e a integridade do sistema judiciário. Desta forma, a combinação de regulação robusta e inovação tecnológica pode ser a chave para uma Justiça mais ágil e acessível, sem comprometer os valores essenciais da sociedade”, finaliza Thaís Lino.

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