A IA Generativa pode, de fato, revolucionar a área jurídica. No entanto, os advogados devem estar atentos para assegurarem a proteção e a qualidade das informações e o uso estratégico dessa tecnologia, o que requer uma abordagem cuidadosa.
Luan Melo (*)
A Inteligência Artificial (IA) tem revolucionado diversos setores empresariais, com uma presença significativa para automação e inteligência de operações. Na área jurídica, a IA também vem marcando seu protagonismo ao potencializar o uso dos dados e transformar o exercício da advocacia.
Com a IA Generativa, uma subcategoria desta inovação que se destaca pela capacidade de criar conteúdo novo a partir de dados existentes, advogados e profissionais do Direito estão descobrindo como automatizar tarefas repetitivas, permitindo direcionar o foco em atividades mais estratégicas da área.
O relatório Pesquisa Uso de IA no Poder Judiciário 2023 nos dá um panorama sobre esse cenário, relatando que, no último ano, o uso da tecnologia artificial cresceu em 26% em relação a 2022, indicando uma forte tendência de adesão à digitalização jurídica.
Contudo, não podemos deixar de lado o fato de que a IA Generativa na área jurídica requer cuidados e não está isenta de desafios, abrindo questões relacionadas à privacidade de dados, à confiabilidade das informações geradas e ao impacto ético. O uso responsável é fundamental para não comprometer a qualidade do serviço jurídico.
A digitalização jurídica em um novo patamar
O avanço da era digital permitiu que a tecnologia se desmembrasse para atender os mais diversos setores, abrindo espaço para tecnologias jurídicas que oferecem suporte na eficiência operacional dos advogados e tornam a análise de documentos e a criação de minutas, por exemplo, muito mais ágeis e precisas.
Com a IA Generativa nos holofotes, uma série de benefícios volta a redefinir o papel dos advogados, reduzindo grandemente o tempo gasto em tarefas manuais e sem grande impacto intelectual para aumentar a produtividade e mitigar riscos de erros e desvio de informações.
Analisar grandes volumes de documentos jurídicos é uma especialidade da IA Generativa que colabora para esta modernização, auxiliando os advogados a criarem documentos legais de acordo com as necessidades específicas de cada caso e a monitorarem em tempo real as atualizações legislativas que impactam as decisões e apurações dos dados dentro de um processo.
Ao economizar tempo e recursos, os profissionais conseguem elaborar argumentos jurídicos e negociar acordos não só com mais clareza no planejamento, mas com informações tratadas corretamente, de forma precisa, atualizada e segura. Para os advogados, isso significa ganhar eficiência em seu trabalho e em seu contato com os clientes.
O outro lado da moeda também importa
Como vimos acima, as vantagens da IA Generativa brilham aos olhos do setor jurídico e sua implementação torna-se um grande objetivo dos escritórios. É justamente nessa fase que devemos estar atentos quanto à abordagem cuidadosa que é exigida para a integração da tecnologia dentro do escopo dos advogados.
Como a IA depende de grandes volumes de dados para funcionar de maneira eficaz, é crucial que as informações processadas sejam tratadas com medidas rigorosas quanto à proteção de dados confidenciais, garantindo que as informações estão sendo tratadas com segurança, sem riscos de vazamento e acessos não autorizados.
Outro aspecto importante está na qualidade e na confiabilidade das informações geradas pela IA. Precisamos levar em consideração que, embora a tecnologia seja avançada, o treinamento dos advogados quanto ao uso e compreensão dessa tecnologia é um passo que não pode ser esquecido para validar que os dados gerados na IA Generativa estão conexos, coerentes com a operação.
Assim, os profissionais precisam estar capacitados para identificar e corrigir possíveis falhas, garantindo a eficácia da tecnologia em suas operações e projetos. A inteligência humana é insubstituível e o nosso olhar em relação às inovações de Machine Learning deve ser equilibrado, entendendo sua função complementar e de aprimoramento, mais do que uma substituição de todo o fluxo do trabalho. Nós operamos, portanto, nós temos o controle do que a IA gera.
Em suma, a IA Generativa pode, de fato, revolucionar a área jurídica e curar dores operacionais e manuais que limitam a eficiência dos escritórios a partir de sua automação e geração de conteúdo rápido. No entanto, o alerta dos advogados deve estar acionado para assegurarem a proteção de dados, a qualidade das informações e o uso estratégico dessa tecnologia. Para isso, uma abordagem cuidadosa é essencial na integração de soluções IA ao meio jurídico.
(*) Gerente de Projetos da Oystr