Gestão tributária dependerá crescentemente da tecnologia, constata a Deloitte

Gustavo Rotta, sócio de Tax Technology, Innovation e Business Tax da Deloitte

Segundo pesquisa da consultoria, recursos de Inteligência Artificial, Machine Learning e RPA serão fundamentais para tornar mais ágeis e transparentes os processos da área

A discussão em torno da complexidade do ambiente tributário e de seu impacto sobre os negócios deve ganhar maturidade à luz dos desafios inéditos trazidos pela pandemia. A crise colocou à prova a necessidade de um sistema justo, ágil e eficaz. Incentivos tributários e negociações para o pagamento de impostos têm sido recursos utilizados pelos governos para manter a sustentabilidade econômica dos negócios – especialmente os de menor porte, mais vulneráveis à crise.

Apesar de o governo federal ter encaminhado em julho sua proposta de Reforma Tributária ao Congresso Nacional, a maioria das empresas brasileiras (75%) não havia realizado, até fevereiro, nenhum estudo sobre os impactos de um novo modelo tributário em seus negócios.

Neste momento em que as companhias precisam estar mais atentas ao tema, a consultoria Deloitte lança a pesquisa “Tax do Amanhã – Tecnologias e Recursos para os Atuais Desafios Tributários das Organizações”, que consultou 159 empresas para compreender como a complexidade do ambiente tributário do Brasil afeta o mercado de forma abrangente.

“Quando nós apuramos essa pesquisa, a crise da Covid-19 ainda não havia eclodido de forma tão intensa, mas a transformação digital já havia se colocado no levantamento como um tema relevante na pauta dos gestores tributários. Agora, a transformação passa a evoluir ainda mais rapidamente do que antes e a completa integração da tecnologia aos processos renovados, com equipes engajadas e habilitadas, será fundamental para lidar com antigos e novos desafios de um ambiente de negócios dinâmico, onde o líder de Tax deve assumir seu protagonismo”, destaca Gustavo Rotta, sócio de Tax Technology, Innovation e Business Tax da Deloitte.

A expectativa dos executivos participantes da pesquisa é a de que a tecnologia amplie a eficiência e a sofisticação da área tributária. O levantamento apresentou algumas afirmações sobre o futuro para entender se os participantes concordam total ou parcialmente com elas, e a ampla maioria (98%) confere que no futuro as fases de coleta e classificação dos dados serão automatizadas, e ferramentas de Machine Learning auxiliarão nesse processo.

Melhor qualidade das análises

Para 96%, a qualidade das análises tributárias irá melhorar com o uso de Inteligência Artificial e tecnologias cognitivas, ao combinar padrões e processamento de linguagem natural. Já 94% acreditam que os profissionais trabalharão com conjuntos de dados precisos e sem limite para o armazenamento dessas informações, ampliando a performance.

Dos respondentes, 79% concordam que o acesso a informações sobre regulamentações tributárias será mais sofisticado e transparente, o que democratizará o conhecimento entre regiões ou países diferentes. E 70% acreditam que o crowdsourcing – soluções construídas coletivamente – e a contratação de freelancers para atividades tributárias, serão mais comuns devido aos avanços tecnológicos.

“Com a complexidade da gestão fiscal e tributária no Brasil – e considerando os impactos da Covid-19 no ambiente de negócios – a tecnologia é um recurso fundamental para que as empresas tenham resiliência e possam garantir a continuidade e a eficiência no cumprimento de suas obrigações tributárias. É preciso estar, mais do que nunca, atento e aberto a essas novas soluções”, afirma Gustavo Rotta .

A maioria das empresas participantes da pesquisa declarou que já realiza operações com o auxílio da tecnologia. Apenas 4% não têm nenhuma operação automatizada. A emissão de notas fiscais, a entrega de obrigações (como o SpedFiscal) e os lançamentos de saída são ações realizadas automaticamente por mais de sete em cada dez empresas pesquisadas.

As operações fiscais e tributárias podem se beneficiar da Inteligência Artificial e da RPA (Automação Robótica de Processos) em suas atividades de maior recorrência e volume. No entanto, apenas 50% dos entrevistados pretendem adotar esses recursos.

De acordo com essa parcela, os principais objetivos ao adotar as ferramentas são melhorar a performance da área tributária (68%), reduzir erros nos processos tributários (66%), agilizar processos existentes (55%), garantir a sinergia entre todas as etapas do processo (46%) e promover a segurança de dados (26%).

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