Ética nos negócios está sob risco na pandemia, constata pesquisa global da EY

90% dos entrevistados temem que haja flexibilização em políticas e procedimentos de controles internos das organizações

No mundo, 90% dos profissionais acreditam que a crise causada pela Covid-19 representa um risco à conduta ética e íntegra nos negócios, segundo a pesquisa Global Integrity Report 2020, realizada pela EY. O receio é de que o cenário cause uma flexibilização em políticas e procedimentos de controles internos das organizações, ao mesmo tempo em que aumenta a pressão por resultados.

Em entrevistas com quase três mil profissionais de 33 países, incluindo o Brasil, o levantamento demonstrou ainda sinais de desconexão entre as percepções de profissionais em diferentes níveis hierárquicos. Mais de 55% dos membros de Conselhos de Administração acreditam que a alta administração demonstra ética e integridade profissional, mas somente 37% dos colaboradores corroboram a afirmação.

Entre os entrevistados brasileiros, 76% acreditam que a ética e a integridade melhoraram em suas organizações nos últimos dois anos. Mas quase metade (48%) acha que comportamentos inadequados tendem a ser tolerados quando praticados por executivos com altos cargos ou por profissionais que sejam considerados essenciais para a companhia. Diferença que pode significar um hiato entre o discurso corporativo e as práticas fomentadas pela empresa.

“Com a crise de Covid-19, o ambiente de conformidade passará por dificuldades, mas o que foi conquistado nos últimos anos não se perderá. As organizações que fizeram o dever de casa e implantaram um programa de compliance robusto tendem a sair mais fortes e com menos danos. Pois hoje, clientes, colaboradores, imprensa, todos cobram uma imagem ética e transparente das instituições”, afirma Marlon Jabbur, sócio-líder de Forensics da EY no Brasil e América do Sul.

Outro destaque da pesquisa foi o fato de que nenhum dos respondentes nacionais vê a sua empresa 100% preparada para lidar com as exigências legais de privacidade de dados. Ao mesmo tempo, o tema apareceu como a maior preocupação de 37% dos entrevistados ao adquirir, investir ou se associar a um parceiro de negócios. Ou seja, um importante desafio em curto prazo, levando em conta a iminência de se ter a Lei Geral de Proteção de Dados em vigor no país.

“Ainda enxergamos desafios importantes no mercado brasileiro, mas a pesquisa também demonstra que nosso nível de maturidade com relação à integridade tem aumentado ano após ano, sendo hoje considerado como essencial para a maioria das organizações”, conclui Marlon.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *