Pedro Paro, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e CEO e fundador da Humanizadas
Pesquisa apresenta nomes como Arezzo, Mercur, Banco BV, Special Dog e Dengo entre as companhias com melhor desempenho na área de ESG, destacando a centralidade das pessoas nas iniciativas e ações sustentáveis
Uma pesquisa inédita aponta novos recortes da agenda Environmental, Social and Governance (ESG) dentro das organizações brasileiras, abordando aspectos da cultura organizacional e as práticas relativas à diversidade, ao meio ambiente e à sustentabilidade dos negócios. Realizado por Pedro Paro, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e CEO e fundador da Humanizadas (empresa de avaliação multistakeholder em ESG com uso de Inteligência de Dados), o estudo “Melhores para o Brasil” também indica as organizações que têm feito a diferença ao abraçarem projetos nesta área.
Apresentado durante evento realizado em 23 de março, em São Paulo (SP), o relatório traz dados sobre boas práticas e sustentabilidade nas companhias brasileiras, buscando extrapolar os indicadores existentes no mercado, que têm alcance restrito. O objetivo é revelar diversos apontamentos sobre como andam a cultura e o clima organizacionais, a conscientização de lideranças, além dos relacionamentos com clientes, parceiros e fornecedores.
Foram assim avaliadas 198 empresas (entre as quais Arezzo, Mercur, Banco BV, Special Dog, Dengo, Magalu, Elo7, entre outras), que juntas somam R$ 221 bilhões em faturamento, empregam 108 mil pessoas e impactam 51 milhões de clientes e 232 mil fornecedores e parceiros.
“As ‘Melhores para o Brasil’ são apenas 1,6% do nosso PIB, mas já criam um retorno positivo de valor para todos os stakeholders. Precisamos ter consciência da nossa força, das nossas ações, ampliando o impacto no mercado, pois temos muitas empresas que ainda têm medo de ouvir pessoas”, constata Paro.
O evento contou também com uma premiação para as organizações mais bem avaliadas de acordo com a metodologia da Humanizadas, separadas por categorias – Financeiro, Varejo, Consultoria e Saúde, entre outras. Foram realizados ainda dois painéis sobre “ESG e Nova Economia” e “Disrupção na Gestão de Pessoas: Competências, Lideranças e Práticas Corporativas”.
“O mundo corporativo mostra problemas na relação com seus públicos de interesse, dos acionistas aos consumidores finais, ligados à governança, liderança e significado. Em contraste, as organizações que estão entre as ‘Melhores para o Brasil’ revelam um novo modelo de gestão e geram um valor compartilhado em cadeia, além de possuírem um retorno financeiro 615% superior em índices tradicionais como o IBOV (antigo Ibovespa) no longo prazo”, complementa Paro.
O estudo mostrou que dentre os cinco níveis de maturidade existentes (1 – Sobrevivência; 2 – Regulação; 3 – Reputação; 4 – Sustentabilidade e 5 – Regenerativo), o Brasil ainda está entre os três primeiros níveis, enquanto as empresas que já adotaram boas práticas alcançaram os níveis 4 e 5.
Valorizar a integralidade das pessoas
O principal aspecto trazido pelo relatório, muito debatido nos painéis, tratou das pessoas. O mundo está cada vez mais flexível e adaptável a mudanças, com novas e antigas gerações todos os dias debatendo questões importantes sobre qualidade de vida, carreira, meio ambiente e problemas sociais. “Quando você contrata, não contrata um dress code e sim uma pessoa como ela é, ou seja, com seu físico, história, habilidades e competências. Tudo isso faz parte do ser humano e reconhecer e valorizar essa integralidade é o que permite aos colaboradores aportarem o melhor do seu potencial”, afirma Fabiano Rangel, Head de Desenvolvimento Organizacional da Leão ™.
“Antigamente se pensava que era possível educar um colaborador com advertências ou suspensões. Mas as lideranças evoluíram. Hoje devemos fazer a autogestão e dar autonomia às pessoas, garantir a integralidade e cuidado nas relações. As pessoas são capazes de dar o melhor delas quando se cria confiança”, completa Lívia Zappa, Diretora de Gente e Gestão da CPI Tegus.
João Paulo Figueira, gerente de Desenvolvimento Sustentável da Special Dog, destaca: “Acreditamos nos atributos de sustentabilidade. É a relação harmoniosa e o impacto positivo que uma empresa e seus produtos têm com o meio ambiente, o bem-estar animal e a vida das pessoas – é fazer negócios com valores. E essa mudança só é possível através da construção de um novo mindset – ético, consciente, empático e inovador”.
Em resumo, não importa o tamanho de uma empresa ou quantos anos de existência tenha, mas, sim, a mentalidade com que ela encara as situações. De forma objetiva, Pedro Paro resume a linha de raciocínio do ESG: “Quanto maior o problema da sociedade e do planeta que uma empresa resolve, mais nós precisamos dessa empresa”.