Digitalização fortalece conformidade legal e governança nos escritórios de advocacia

Além de otimizar processos e elevar os níveis de produtividade, soluções como as de IA, Big Data e Robotização reforçam a mitigação de riscos e a transparência no setor jurídico 

Leandro Cruz (*)

Atualmente, quando se debatem temas relacionados ao processo de transformação digital que impactou grandes partes dos setores econômicos, aspectos de eficiência e produtividade são lembrados com frequência.

Nesse contexto, mais do que um caminho opcional, a digitalização se coloca hoje como uma necessidade estratégica que alcança também os escritórios de advocacia.

E isso porque, além do supracitado aspecto da otimização de processos, inovações no campo da Inteligência Artificial (IA), Big Data e da Robotização, por exemplo, contribuem para assegurar a conformidade legal diante do dinamismo das atualizações legislativas do país.

Assim, ao mesmo tempo em que a implementação de novas tecnologias permitiu aos profissionais um foco de atenção maior em atividades centrais do setor jurídico, tais soluções promovem rastreabilidade e uma cultura de transparência que, por sua vez, eleva os níveis de governança e mitiga riscos dentro de uma área que, por si só, precisa ser exemplo no âmbito da conformidade legal.

Foco na estratégia 

De acordo com uma pesquisa realizada pela Thomson Reuters, 67% dos advogados empregam mais de 40% de seu tempo com tarefas que não geram negócios ou honorários. Ou seja, a partir desse dado, poder-se-ia concluir que há um baixo índice de produtividade, além de um relevante desperdício de tempo e de talento dos profissionais.

Nesse ponto, ferramentas de automação – que, hoje, são ainda mais eficientes a partir de tendências como os robôs inteligentes – assumem um papel decisivo na mudança desse cenário, favorecendo ainda fluxos operacionais muito mais ágeis, organizados e bem executados, garantindo resultados efetivos e maior poder de análise, enquanto desafogam os advogados de tarefas burocráticas e repetitivas relacionadas aos contenciosos dos escritórios.

O uso de robôs tem uma aplicação ampla, podendo apoiar advogados estrategicamente em atividades como pesquisa sobre legislação e jurisprudência, revisão de documentos, busca por informações, simplificação da redação de contratos, coleta de intimações, acelerando ainda seus processos de tomada de decisão.

Nesse sentido, estamos falando de um ecossistema de inovação que, aos poucos, se constrói nos escritórios do país, oferecendo desde atendimento para rotinas repetitivas até insights preditivos a partir da identificação de padrões, o que pode ser de grande valor para a construção de estratégias em casos e processos jurídicos.

Conformidade e transparência 

Na jornada de digitalização do meio jurídico, temos, por fim, um salto qualitativo em termos de conformidade regulatória e redução de riscos legais para os escritórios de advocacia, considerando, por exemplo, o fato de que, graças à inovação, é possível acompanhar e monitorar em tempo real mudanças legislativas, protocolares e as publicações em diários oficiais, diminuindo a ocorrência de erros que afetem o andamento de processos e assegurando que todas as práticas dos profissionais estejam alinhadas com as normas vigentes no país.

Soluções baseadas em Robotização e IA permitem ainda um compartilhamento de dados muito mais ágil e seguro, em linha com as demandas normativas de textos como a Lei nº 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD), que “regulamenta a coleta, uso, armazenamento, tratamento, compartilhamento e exclusão de dados pessoais”.

Naturalmente, esse contexto também demanda que os escritórios estabeleçam, dentro de seus processos internos, uma cultura de governança de dados, de modo a garantir um uso ainda mais assertivo das novas tecnologias.

Conclusão 

Em outras palavras: o êxito na digitalização de processos no ambiente jurídico, como acontece em outros setores, não depende apenas da implementação de ferramentas tecnológicas, mas também de uma transformação cultural profunda e necessária nos escritórios.

Essa mudança deve partir de uma mentalidade que valorize a inovação, de modo que a tecnologia possa ser, de fato, uma aliada na busca por maior produtividade, eficiência e conformidade legal. Somente assim os escritórios poderão se manter competitivos, mantendo, paralelamente, um ambiente colaborativo, transparente e preparado para os desafios do presente e do futuro.

CIO da Oystr (*)

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