Algumas empresas ainda acham que investir em compliance tributário pode ser um desperdício de dinheiro, mas garanto que as perdas oriundas do não pagamento adequado dos tributos é muito maior
Eduardo Tardelli (*)
A questão tributária no Brasil faz qualquer empreendedor perder o sono e não é para menos: O Brasil tem o sistema tributário mais complexo do mundo, de acordo com um estudo feito em 2019 pelo extinto Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), órgão ligado ao também extinto Ministério da Fazenda.
Os prejuízos no caixa e na reputação da empresa oriundos de erros na hora de calcular e pagar os tributos são imensos, por isso que toda medida que tenha como objetivo otimizar os processos e garantir que as obrigações sejam cumpridas são sempre bem vistas, tanto por quem executa, o empresário e sua equipe de colaboradores, como por quem vê isso de fora, possíveis investidores, por exemplo.
Algumas empresas ainda acham que investir em compliance tributário pode ser um desperdício de dinheiro, mas te garanto que as perdas oriundas do não pagamento adequado dos tributos é muito maior. Ou seja, compliance tributário é um investimento que te impede de perder dinheiro e reputação lá na frente.
Assim como todos os outros tipos de compliance, são um conjunto de normas que querem garantir que as regras sejam cumpridas – neste caso, o que precisa ser cumprido é a legislação, simples assim. Ainda de acordo com os dados do IBPT, 27% das grandes empresas no Brasil sonegam impostos e o número salta para 65% quando se trata de pequenas empresas.
Para a implementação de um programa de compliance tributário, o primeiro passo é analisar e identificar os principais problemas que sua empresa tem relacionados a legislações fiscais: é na hora de emitir as notas fiscais? De declarar impostos? Por mais difícil e chato seja listar e analisar todos os problemas que a empresa tem relacionado a isso, só essa medida será capaz de apresentar as reais dimensões dos problemas enfrentados por vocês – portanto, a solução também virá daí.
Tendo uma visão panorâmica de todas as dores enfrentadas, é possível criar uma estratégia para a solução dos problemas. Neste ponto, é importante focar
na resolução de maneira objetiva: o que vai mudar, como vai mudar, se vai precisar adquirir uma nova tecnologia, contratar novos profissionais, qual o cronograma para que essa mudança aconteça e por último, mas não menos importante: como o progresso e, consequentemente, os resultados serão medidos. Só é possível avaliar o sucesso, ou não, de uma nova prática no meio corporativo quando se é possível mensurar.
Depois que a implementação estiver feita, vem uma das partes mais negligenciadas: continuar atento às mudanças na legislação brasileiras e ficar de olho nas novidades, principalmente tecnológicas, que vão te ajudar cada vez mais a ir para frente tanto com as medidas de compliance, quanto no seu negócio como um todo.
Conseguiu entender que compliance tributário é um investimento e não um custo?
(*) CEO da upLexis