Marcelo Fattori, fundador e CEO da seusdados
Startup gerencia de forma contínua o programa de proteção de dados de seus clientes por meio da plataforma “MeuDPO”
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), aprovada em agosto de 2018, já é uma realidade no Brasil, transformando a mentalidade e a cultura de empresas, que a cada dia se preocupam mais com a proteção de dados. Analisando este cenário, o advogado e empreendedor Marcelo Fattori fundou em 2019 a seusdados, legaltech especializada na proteção de informações sobre clientes, parceiros comerciais e colaboradores. No período de um ano, a startup saltou da marca de 30 para 120 companhias no portfólio de clientes em todo o Brasil, atingindo um crescimento de 300%.
Responsável pela criação do 1º Centro de Serviços Compartilhados em Proteção de Dados do Brasil, a seusdados procura fortalecer a reputação e aumentar o valor de mercado de seus clientes parceiros. Para isso, a startup gerencia de forma contínua o programa de proteção de dados de seus clientes por meio da plataforma “MeuDPO”, que proporciona suporte a partir de um portfólio de 60 tipos de categorias de atendimento, divididos em seis áreas: Legal, Regulatório, Processos, Sistemas, Segurança da Informação e Infraestrutura.
“Nos tornamos indispensáveis para as empresas que buscam implementar boas práticas de governança em proteção de dados. Primeiramente, porque vivemos em uma economia baseada em dados, totalmente conectada. Um incidente de segurança ocorrido na Ásia em minutos passa a ser de conhecimento global. Também porque o consumidor tem acesso a essas informações e está cada vez mais seletivo na escolha das marcas com que pretende se relacionar”, argumenta Fattori, também CEO da legaltech.
“Além disso, a própria lei cuidou de estabelecer penas que, além de multas, geram a obrigação de comunicar a sociedade em geral sobre possíveis atos inseguros ou ausência de conformidade com a lei, objetivando com isso uma seleção natural do mercado a favor de companhias que investem no respeito à sociedade, à lei e ao cidadão”, complementa.
O início de tudo
A ideia de fundar a startup veio de uma experiência pessoal vivida por Fattori, que foi acompanhar o parto de sua segunda filha, em 2015, sendo o procedimento transmitido para a sua família. “Achei a ferramenta útil, porém perigosa do ponto de vista da privacidade. Soube então de uma especialização em Salamanca, na Espanha, que teria a proteção de dados pessoais como um dos focos. As coisas se conectavam: meu ideal, o que vivi e essa especialização. Voltei da Espanha com o objetivo de trabalhar com proteção de dados”, assinala.
“O nosso começo foi muito desafiador e exigiu muita dedicação de todo o time. Hoje nos consolidamos no mercado e somos responsáveis pelo programa de adequação e governança em proteção de dados de diversas médias e grandes empresas, dos mais diversos segmentos”, relata o CEO.
Ainda de acordo com o empreendedor, o ano de 2022 promete ser extremamente oportuno para o ecossistema. “Há muitos acontecimentos que vão movimentar o setor como um todo e trarão grandes oportunidades para a seusdados. Além das eleições presidenciais, que serão impactadas pelo uso de dados para campanhas políticas, esse ano também a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) vai iniciar suas atividades de monitoramento, o que tende a fomentar ainda mais a busca por proteção”, avalia.
Mudança cultural
A Lei Geral de Proteção de Dados no Brasil segue a tendência de outros países como, por exemplo, Canadá, Argentina, Japão, Nova Zelândia e alguns europeus. “A LGPD não é apenas uma tendência ou uma questão brasileira. Trata-se de uma nova mentalidade e cultura de negócios mundial, com a qual não estávamos acostumados. A adequação exige uma mudança profunda nas instituições, bem como a incorporação de treinamentos e hábitos voltados a estabelecer na organização essa nova prática”, detalha Fattori.
O descumprimento da Lei nº 13.709, em vigor no Brasil desde setembro de 2020, pode acarretar sérios problemas para as empresas, como suspensão de atividades e multas financeiras que podem variar de 2% da receita bruta da corporação até R$ 50 milhões.
“Para o bom desenvolvimento e saúde financeira de uma companhia, é de extrema importância estar alinhada à LGPD, uma vez que a autuação pode trazer danos também à sua reputação e imagem perante ao mercado”, conclui o CEO.