Áreas jurídicas, tributárias e contábeis estão cautelosamente otimistas sobre a IA generativa, diz pesquisa   

Steve Hasker, presidente e CEO da Thomson Reuters

Realizado nos EUA, Reino Unido e Canadá, estudo da Thomson Reuters mostra que os profissionais, apesar de reconhecerem o potencial da tecnologia, expressaram preocupações com os riscos e as incertezas decorrentes de sua utilização

A Thomson Reuters, empresa global de conteúdo e tecnologia, divulgou uma nova pesquisa sobre Inteligência Artificial (IA) generativa que mediu o sentimento de profissionais em escritórios jurídicos, tributários e de contabilidade nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. A pesquisa “ChatGPT e Generative AI nos Mercados Jurídico, Corporativo e Tributário”, realizada pelo Instituto Thomson Reuters, buscou compreender melhor como a tecnologia é percebida e aplicada dentro da indústria de serviços profissionais. O relatório revelou um misto de otimismo e cautela na adoção da IA generativa. 

“A IA generativa tem a capacidade disruptiva de redefinir o cenário profissional, mas está claro em nossas descobertas que há uma lacuna de confiança com os profissionais”, nota Steve Hasker, presidente e CEO da Thomson Reuters. “O futuro do trabalho está pronto para ser revolucionado pela IA generativa e, como indústria, precisamos trabalhar juntos para encontrar o equilíbrio certo entre os benefícios da tecnologia e quaisquer consequências não intencionais. Acreditamos que isso ajudará nossos clientes a primeiro confiar no poder transformador da IA generativa e, em seguida, aproveitar a oportunidade para moldar o futuro de suas profissões”, acrescenta ele. 

Entre os profissionais pesquisados, o potencial da IA generativa é inegavelmente reconhecido: 78% dos entrevistados acreditam que ferramentas de IA generativas, como o ChatGPT, podem melhorar o trabalho jurídico ou contábil, com a proporção ligeiramente maior para o jurídico (82%) do que para o contábil (73%). Além disso, cerca de metade (52%) de todos os entrevistados acredita que a IA generativa deve ser usada para o trabalho legal e tributário.  

No entanto, apesar de a pesquisa compartilhar fortes sentimentos sobre a utilidade potencial da IA generativa, muitos dentro dos campos jurídico e tributário ainda estão avaliando suas opções antes de adotar a tecnologia. Apenas 4% dos entrevistados estão atualmente usando IA generativa em suas operações, com outros 5% planejando fazê-lo. Curiosamente, os escritórios de contabilidade estão mais abertos à ideia, com uma taxa de adoção ou de planos de adoção de 15%. 

Entre aqueles que adotaram ou planejam adotar tecnologias de IA generativa, o principal caso de uso citado pelos entrevistados foi a pesquisa: 80% dos que estão na área tributária o identificaram como o caso de uso mais atraente. Gestão do conhecimento, funções de back-office e serviços de resposta a perguntas também foram citados como casos de uso de interesse. 

A percepção de risco parece ser o principal obstáculo na adoção de ferramentas de IA generativa. Um número significativo de 69% dos entrevistados expressou preocupações com o risco, sugerindo que o medo pode estar impedindo uma adoção mais generalizada.  Embora o potencial das ferramentas de IA generativa seja reconhecido, há um ar de incerteza, sublinhando a necessidade de se estabelecer confiança, bem como de promover a educação e o planeamento estratégico na sua implementação. 

Apesar das preocupações em torno dos riscos à privacidade, segurança e precisão, poucas organizações estão ativamente tomando medidas para limitar o uso de IA generativa entre os empregados.  Vinte por cento dos entrevistados disseram que sua empresa ou escritório alertou os funcionários contra o uso não autorizado de IA generativa no trabalho. Apenas 9% de todos os entrevistados, por sua vez, relataram que sua organização proibiu o uso não autorizado de IA generativa. 

Metodologia da pesquisa

O Thomson Reuters Institute realizou três pesquisas on-line separadas para profissionais jurídicos e tributários nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Os entrevistados foram convidados a responder as questões do estudo por meio de um convite on-line ou como parte do painel da Thomson Reuters Influencer Coalition. 

  • Primeiro levantamento: realizado em escritórios de advocacia de médio e grande portes, ocorreu entre os dias 21 e 31 de março de 2023, tendo recebido 443 respondentes; 
  • Segundo levantamento: entre os departamentos jurídicos corporativos, ocorreu entre 11 e 25 de abril de 2023 e recebeu 587 respondentes; 
  • Terceiro levantamento: para escritórios contábeis e departamentos corporativos de impostos, realizado entre 3 e 15 de maio de 2023, com 771 respondentes.  

No total, a amostra para o relatório é de 1.801 entrevistados, dos quais 25% são de escritórios de advocacia, 33% são de departamentos jurídicos corporativos, 24% de escritórios contábeis impositivos, e 18% de departamentos de impostos corporativos. A maioria dos entrevistados, 70% no total, era dos EUA, sendo 20% do Reino Unido e 10% do Canadá. 

A maioria dos respondentes de escritórios de advocacia e contábeis era de escritórios de médio porte, representando 62% dos respondentes de escritórios de advocacia entrevistados e 55% de escritórios contábeis. Para departamentos corporativos jurídicos e fiscais, a maioria dos entrevistados era de departamentos de pequeno ou médio portes: 88% dos respondentes de jurídicos e 87% da área de impostos eram de departamentos de 50 pessoas ou menos. 

Os entrevistados que completaram a pesquisa também foram questionados sobre suas opiniões sobre por que a IA generativa não deve ser usada para trabalho legal ou fiscal, bem como sobre os riscos potenciais da IA generativa e se eles acreditavam que esses riscos existiam. O Thomson Reuters Institute também realizou entrevistas qualitativas adicionais para aprofundar as percepções sobre os temas.

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