Fernanda Allegretti, sócia-diretora do ACI Institute, do Board Leadership Center Brasil e de Markets da KPMG no Brasil
Os Comitês de Auditoria veem a sua agenda crescer de forma contínua. O compliance, o gerenciamento de riscos e os controles internos também necessitam de seu empenho, com tempo e expertise suficientes.
O ambiente de negócios e seus respectivos riscos emergentes vêm mudando drasticamente, a cada ano, trazendo novas oportunidades, mas também maiores instabilidades e preocupações. Além dos aspectos geopolíticos, há um aumento global da inflação, altas taxas de juros e níveis sem precedentes de disrupção, principalmente o tecnológico, em conexão com os aspectos da segurança cibernética e da Inteligência Artificial. Nesse contexto, os Comitês de Auditoria veem a sua agenda de assuntos a serem tratados crescendo de forma contínua.
O foco principal ainda são, e sempre serão, as demonstrações financeiras, o processo contábil e a atuação do auditor independente. Todavia, as demais divulgações ao mercado, o compliance, o gerenciamento de riscos e os controles internos também necessitam de seu empenho, com tempo e expertise suficientes para o seu monitoramento. Essas considerações estão na publicação “Comitê de Auditoria: Prioridades para a Agenda de 2024”, elaborada pelo ACI Institute e pelo Board Leadership Center da KPMG no Brasil.
“Qualidade dos controles internos sobre a consistência e a qualidade das informações adicionais que tem sido exigida pelos reguladores e pelo mercado, tais como o relatório de sustentabilidade, o formulário de referência e informações não financeiras, também devem ser monitoradas de forma similar à das demonstrações financeiras”, afirma Sidney Ito, CEO do ACI Institute e do Board Leadership Center do Brasil e sócio em Riscos e Governança Corporativa da KPMG no Brasil.
Com base em interações com membros das áreas de Auditoria no Brasil e no mundo, levantaram-se oito temas que devem ser considerados à medida que os Comitês de Auditoria elaboram e executam a sua agenda para 2024:
1- (Ainda a) Prioridade número um: mantenha o foco nas demonstrações financeiras e nos riscos relacionados aos controles internos;
2- Estabeleça o papel do Comitê de Auditoria, alinhado com os demais comitês e o próprio Conselho de Administração, com relação às novas regras e regulações sobre divulgações climáticas, do relatório de sustentabilidade e relativas ao ESG, com o propósito do cumprimento, qualidade e confiança das informações publicadas;
3- Mantenha o foco na cibersegurança e na privacidade de dados — incluindo o quanto a empresa está preparada para atender as regras regulatórias;
4- Defina as responsabilidades do Comitê de Auditoria, com relação à Inteligência Artificial (IA) Generativa;
5- Esteja atento à estrutura financeira e contábil da empresa, com relação à liderança e aos talentos;
6- Monitore a qualidade do auditor independente e assegure uma comunicação efetiva;
7- Certifique-se de que a auditoria interna esteja focada nos riscos críticos da empresa — para além dos trabalhos adicionais — e que ela seja um recurso valioso para o próprio Comitê de Auditoria;
8- Auxilie a empresa a aprimorar o foco em ética, compliance e cultura corporativa.
“À medida que o ambiente de negócios e riscos se torna mais complexo, o desafio é ainda maior. As empresas estão em constante transformação para inovar e aproveitar oportunidades emergentes. Assim poderão também implementar novas tecnologias e fazer melhor uso dos dados, transformar a rede de fornecedores em uma cadeia de suprimentos cada vez maior e interconectada”, complementa Fernanda Allegretti, sócia-diretora do ACI Institute, do Board Leadership Center Brasil e de Markets da KPMG no Brasil.