Sanjay Podder, líder de Technology Sustainability Innovation na Accenture
Porém, levantamento global da consultoria mostra que em apenas 7% das empresas entrevistadas as estratégias de negócios, de tecnologia e de sustentabilidade já estão totalmente integradas
À medida que as empresas definem metas ambientais, sociais e de governança (ESG, em inglês) cada vez mais ambiciosas, suas estratégias de sustentabilidade e tecnologia precisam estar alinhadas para garantir vantagem competitiva, valor financeiro e um impacto positivo duradouro na sociedade e no meio ambiente. É o que mostra o novo levantamento conduzido pela Accenture. Todavia, as estratégias de negócios, tecnologia e sustentabilidade de apenas 7% dos entrevistados já estão totalmente integradas.
As 560 empresas que participaram da pesquisa para o estudo Uniting Technology and Sustainability: How to Get Full Value From Your Sustainable Technology Strategy, colocaram a tecnologia como um passo importante ou muito importante para alcançarem suas metas de sustentabilidade.
Embora as empresas enxerguem a importância de uma estratégia integrada, citam a falta de soluções e padrões (40%), a complexidade (33%) e a falta de consciência das consequências não intencionais da tecnologia (20%) como barreiras para atingir suas metas.
Essa lacuna entre intenção e ação leva as empresas a buscarem o meio do caminho entre metas de negócios e sustentabilidade, o que pode ser evitado com a adoção de uma estratégia de tecnologia holística e sustentável.
Os Chief Information Officers (CIOs) podem ter papel importante no apoio aos esforços gerais de transformação das empresas e devem ter voz ativa nas decisões de sustentabilidade. Não é, entretanto, o que acontece na maioria das empresas. Na verdade, apenas 49% dos CIOs fazem parte das equipes de liderança responsáveis por definir as metas de sustentabilidade das empresas, e apenas 45% são consultados quando se trata de atingir essas metas.
“As empresas precisam ser sustentáveis e a tecnologia é parte fundamental dessa equação. Ela está por trás do aumento da transparência e rastreabilidade das cadeias globais de suprimentos, além de ajudar na medição e na redução das emissões de CO2”, explica Sanjay Podder, líder de Technology Sustainability Innovation na Accenture.
“Colocar a sustentabilidade no centro das operações de uma empresa não é mais opcional. Uma estratégia de tecnologia sustentável, capaz de incorporar e impulsionar a sustentabilidade e escalonar ao abraçar todo o ecossistema, ajudará as empresas que desejam fornecer valor 360° e contribuir para o cumprimento de suas metas mais amplas”, assinala ele.
Na visão da Accenture, uma estratégia de tecnologia sustentável realmente eficaz e capaz de ajudar a impulsionar o crescimento dos negócios e o desempenho ESG precisa atender os seguintes pontos:
1 – Sustentabilidade por meio da tecnologia – O uso do poder da tecnologia para possibilitar e acelerar os esforços de sustentabilidade na organização como um todo. Entre as empresas ouvidas, 92% pretendem atingir suas metas net-zero até 2030, o que exigirá a implantação de tecnologias avançadas para medir, reduzir e remover a pegada de carbono de suas organizações. A tecnologia também é fundamental no avanço rumo a cadeias de valor responsáveis, na promoção de escolhas sustentáveis para os clientes, bem como na construção de organizações sustentáveis. Dentre as empresas pesquisadas que tiveram sucesso na redução de suas emissões nas áreas de produção e operações, 70% lançaram mão da Inteligência Artificial (IA) para chegar lá;
2 – Sustentabilidade na tecnologia – Proteger as pessoas e o planeta, tornando a própria tecnologia cada vez mais sustentável. As emissões de carbono da TI crescem à medida que um número cada vez maior de pessoas fica on-line e o uso da tecnologia aumenta. As empresas devem priorizar a adoção de um software verde que seja carbon-efficient e carbon-aware, a construção de sistemas confiáveis que incluam privacidade, imparcialidade, transparência, robustez e acessibilidade, além da adoção dos mecanismos de governança certos. Dentre as 560 empresas analisadas, apenas duas priorizam a eficiência energética em todas as fases do ciclo de vida de desenvolvimento de software, indicando um espaço considerável para melhorias. O estudo identificou uma estrutura robusta de desenvolvimento de software verde que prioriza áreas de emissões de materiais, incluindo o ciclo de vida de desenvolvimento de software, bem como experiência digital, nuvem, borda, data centers, IA, tecnologia de contabilidade distribuída e infraestrutura verdes;
3 – Sustentabilidade em escala – A busca por inovações revolucionárias com parceiros do ecossistema para o desenvolvimento de formas radicalmente diferentes e mais sustentáveis de fazer negócios no futuro. Nenhuma empresa é capaz de lidar com os desafios da sustentabilidade global em escala por conta própria. Para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU, as empresas devem agir para além das fronteiras de suas próprias organizações. Entre os entrevistados, 43% estão envolvidos em colaborações, alianças e grupos de defesa do setor focados em tecnologia ecologicamente correta.
Impulsionar novas fontes de valor
“Hoje, criar e implementar uma estratégia abrangente de tecnologia sustentável — uma que use a tecnologia para impulsionar a sustentabilidade em escala e, ao mesmo tempo, tornar a própria tecnologia mais sustentável — é a missão principal do CIO orientado por propósitos”, reforça Podder. “É uma responsabilidade enorme, mas a oportunidade de impulsionar novas fontes de valor e abrir caminho rumo a um futuro mais sustentável é ainda maior”, acrescenta ele.
A Accenture, afirma a empresa, está comprometida com a sustentabilidade em cada um desses três imperativos e está empenhada em incorporar a sustentabilidade em tudo que faz e com todos com quem trabalha. Na verdade, 95% das aplicações da Accenture, segundo ela, estão na nuvem pública.
Co-fundadora e uma das líderes da Green Software Foundation, a companhia está ajudando a definir padrões e catalisar ações em todos os setores. A consultoria desenvolveu sua própria estrutura de software verde, ferramentas e melhores práticas, e já treinou mais de 70 mil de seus desenvolvedores em práticas sustentáveis de engenharia de software.
Além disso, a consultoria, segundo as informações divulgadas, colabora com parceiros — que vão desde as maiores empresas de software e nuvem a pequenas e disruptivas empresas de inovação — para ajudar os clientes a alcançar seus objetivos de sustentabilidade e entregar resultados.
O levantamento foi realizado nos meses de setembro e outubro de 2021 por meio de uma pesquisa on-line. A amostra foi composta por 560 CIOs, CTOs, diretores de sustentabilidade e aqueles que se reportam diretamente a eles (diretores e VPs) de empresas com receita superior a US$ 1 bilhão. A pesquisa abrangeu 12 países e 11 indústrias.