A revolução da Justiça com o Big Data

São múltiplas as aplicações desta tecnologia no Direito, facilitando as rotinas e a organização das informações, além de propiciar novas abordagens de negócios

Eduardo Tardelli (*)

No Brasil, é de conhecimento geral que o sistema judiciário é um exemplo de morosidade civilizatória, seja pelo grande volume de processos em andamento ou pelo número elevado de arquivos, informações e documentos que escritórios de advocacia devem armazenar e organizar para ter em mãos sempre que necessário. É uma rotina cheia de dados, cujo Big Data tem estado cada vez mais presente para organização e facilitação desses trâmites.

Nesse sentido, as lawtechs têm ganhado espaço, aos poucos, com soluções que buscam otimizar a rotina e solucionar os principais problemas da área de Direito. Segundo a Associação Brasileira de Startups, há hoje 87 startups mapeadas e a tendência é que esse número aumente nos próximos anos.

No Brasil, cada processo apresenta longas peças (em textos), que sobrecarregam advogados, promotores, procuradores, juízes e desembargadores com informações. Logo, o Big Data surge como um meio para solucionar a leitura, investigação e acesso aos conteúdos contidos, além de unificar soluções, uma vez que cada tribunal possui um sistema próprio, dificultando a ação dos profissionais envolvidos para acessar detalhes de ações semelhantes com a finalidade de encontrar leis e jurisprudências que possam auxiliar nas resoluções.

Outro benefício é em relação à administração diária de escritórios de advocacia, pois a coleta e a utilização dos dados ajudam a segmentar o faturamento da empresa por cliente, por origem e caso, indicando também honorários, provisionamentos e contratos que possam estar por vencer, para que erros dessa natureza não ocorram e onerem todo um trabalho.

Além disso, softwares dessa natureza apresentam flexibilidade o suficiente para que essas organizações analisem resultados de maneira personalizada e, a partir daí, direcionem novas abordagens de negócio.

Ferramentas de Big Data possibilitam ainda que profissionais da área jurídica possam verificar as chances de vitória em uma audiência, possibilidades de acordo e assim por diante. Enfim, é um universo de possibilidades que prometem automatizar atividades e simplificar o dia a dia dentro deste segmento.

Em outras palavras, o Big Data surgiu não apenas para organizar informações, mas para transformá-las em novas oportunidades, simplificando a vida de quem as possui e, quem sabe, gerar mais negócios. No campo jurídico, facilita o poderio dos arquivos e dados de um escritório ou empresa.

Antes resistentes, os gestores jurídicos enxergam, cada vez mais com bons olhos, a possibilidade de unir o poderio humano e ferramentas modernas de gestão, trazendo mais agilidade ao setor ao transformar dados em informações relevantes com o “plus” de práticas de compliance.

(*) CEO da upLexis

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