Gustavo Zagato, diretor de Tecnologia da Apter
Diante da necessidade de operar dois sistemas tributários simultaneamente, as organizações passaram a buscar soluções de automação e de Inteligência Artificial a fim de garantir conformidade e eficiência
Historicamente, o setor tributário das empresas assume uma postura um tanto conservadora em face das novas tecnologias no Brasil. No entanto, a Reforma Tributária, que entrará em fase de transição a partir de 2026, vem despertando um senso de urgência nos profissionais dessa área. Diante da necessidade de operar dois sistemas tributários simultaneamente, os negócios passaram a buscar soluções de automação e Inteligência Artificial (IA) para garantir conformidade e eficiência.
Atualmente, as organizações precisam lidar com uma grande quantidade de documentos fiscais eletrônicos, como notas fiscais em XML e obrigações acessórias. Muitas delas ainda realizam processos manuais para a conferência de dados, fato que consome tempo e recursos humanos.
Diante desse cenário, de outubro para cá, as empresas têm buscado soluções analíticas que cruzam automaticamente essas informações, garantindo precisão e eficiência.
É o que constata Gustavo Zagato, diretor de Tecnologia da Apter, consultoria especializada em tributação, auditoria, outsourcing e tecnologia. “Nós temos clientes que emitem cinco milhões de notas fiscais por dia. Como conferir, uma a uma, se todas foram declaradas corretamente?”, indaga ele.
“Muitas empresas contam com equipes enormes para o trabalho. A ideia é automatizar esse processo, facilitando a gestão tributária e evitando inconsistências”, explica o profissional.
Com a Reforma Tributária, a demanda por tecnologia no setor fiscal se tornará ainda maior. Hoje, as empresas reportam as suas obrigações em diferentes períodos, mas o novo modelo prevê cobranças próximas ao tempo real, requerendo sistemas mais ágeis e automatizados.
Automatizar o máximo possível
Já a transição exigirá a operação simultânea de dois sistemas tributários, tornando a automação essencial para garantir conformidade sem sobrecarregar as equipes. “A nossa orientação é automatizar o máximo possível para que os times tributários possam focar na adaptação às novas regras. A análise de dados será uma grande aliada nesse momento, garantindo que as empresas consigam se planejar para as mudanças”, ressalta Gustavo.
O especialista também tem notado um aumento na busca por soluções de automação, especialmente por parte das grandes empresas. Os negócios familiares, porém, ainda demonstram certa resistência à digitalização.
“A área tributária, historicamente, tem menos investimento em tecnologia, mas a Reforma está mudando esse cenário. Empresas que antes viam o setor fiscal como um custo agora percebem que a IA pode transformar esse departamento em um diferencial estratégico”, assinala o profissional.
Além da automação de processos internos, há soluções capazes de interpretar notas fiscais de serviço emitidas por diferentes prefeituras, que possuem formatos distintos e, muitas vezes, incompatíveis com os sistemas empresariais.
A IA traz a possibilidade de ler e estruturar esses documentos de maneira rápida, reduzindo drasticamente o tempo e os erros manuais. “Essa ferramenta está deixando de ser apenas consultiva e vem se tornando parte ativa da operação tributária das empresas”, frisa Gustavo.
“Com ela, é possível economizar tempo, reduzir erros e permitir que profissionais se concentrem no planejamento estratégico, garantindo conformidade e eficiência diante das novas exigências da Reforma Tributária”, conclui ele.