Com ferramentas como Jurimetria, dashboards e plataformas centralizadas, o Legal Ops transforma o jurídico em uma área que agrega valor real, gerando previsibilidade, controle e alinhamento estratégico
Rodrigo Resegue (*)
Quem trabalha com Legal Ops sabe bem que os desafios do setor jurídico não param de crescer. Processos acumulados, alta pressão por resultados rápidos e a necessidade de manter tudo sob controle tornam a rotina bastante intensa.
Nesse cenário, o uso de tecnologia não é apenas um diferencial — é um elemento essencial para transformar o departamento jurídico em um aliado estratégico do negócio.
Legal Operations tem como foco a eficiência e a organização, certo? Mas a verdade é que, para realmente alcançar esse nível de impacto, a tecnologia precisa estar no centro dessa transformação. Automatizar tarefas repetitivas, centralizar a gestão de contratos e ter uma visão clara dos riscos e custos são tarefas que demandam mais do que boas intenções. Precisam de ferramentas certas.
Imagine a seguinte situação: uma empresa que lida com milhares de processos ao mesmo tempo, cada um com suas especificidades e valores diferentes. Como calcular o risco envolvido, prever resultados e priorizar recursos? É aí que entra a Jurimetria — a aplicação de métricas na área jurídica. Essa tecnologia permite que os advogados analisem dados históricos e, assim, façam previsões mais certeiras sobre o resultado de cada processo. Não se trata de eliminar o “feeling” do advogado, mas de complementar o conhecimento com dados sólidos, ajudando a tomar decisões de forma mais informada.
Outro ponto-chave é a governança das informações. No ambiente jurídico, lidar com dados sensíveis é uma constante, e garantir que esses dados estejam acessíveis, mas seguros, é fundamental. Ferramentas tecnológicas ajudam a automatizar todo o ciclo de vida dos contratos, desde a confecção, aprovação, assinaturas e até o armazenamento. Isso não só agiliza processos, mas também reduz os riscos de erros humanos e garante que o fluxo de informações seja o mais eficiente possível.
Nos casos em que a empresa trabalha com escritórios de advocacia terceirizados, a tecnologia também é um grande facilitador. Imagine que uma empresa precise contratar escritórios especializados para lidar com diferentes demandas em regiões diversas do Brasil. Cada escritório precisa de acesso a certas informações, mas esse acesso precisa ser restrito e seguro.
A tecnologia permite que toda essa operação seja realizada em uma única plataforma, garantindo visibilidade e controle. Tudo acontece de maneira mais organizada, cada profissional acessa apenas o que é necessário, e a segurança da informação é preservada.
Riscos e vulnerabilidades
O uso de dashboards e mapas de risco também traz uma mudança significativa. Eles não apenas ajudam a calcular o risco jurídico da empresa, mas também mostram onde estão as maiores vulnerabilidades. Isso significa que, em vez de agir apenas quando um problema surge, é possível antecipar questões e trabalhar preventivamente.
Essa capacidade de antecipação é o que transforma um departamento jurídico tradicional em um departamento realmente estratégico. No final, o que toda empresa quer evitar é ser pega de surpresa por um risco que poderia ter sido controlado. E a tecnologia permite justamente essa previsibilidade.
Legal Ops é uma nova forma de enxergar o jurídico, e a tecnologia é a chave para fazer isso acontecer. É o que permite que o jurídico deixe de ser apenas um setor que resolve problemas e seja um setor que gera valor para a empresa. E esse valor é tangível: mais eficiência, menos custos, mais controle e um impacto direto na saúde do negócio.
Quem está em Legal Ops e entende o potencial da tecnologia está, sem dúvida, à frente. Não se trata apenas de gerenciar melhor os processos, mas de transformar o jurídico em algo muito mais estratégico, com decisões embasadas e ações proativas. A tecnologia não é apenas um componente a mais — ela é o coração dessa mudança e é o que vai garantir que o jurídico seja um diferencial competitivo real para a empresa.
(*) Sócio e diretor de Tecnologia da Blue Service, empresa brasileira de Tecnologia da Informação