Advogados entrevistados na pesquisa da múlti esperam a melhoria da produtividade e da eficiência como os maiores efeitos positivos da Inteligência Artificial, além do aumento de suas competências profissionais
A Thomson Reuters, empresa global de conteúdo e tecnologia, divulgou seu relatório Future of Professionals. A pesquisa, realizada com mais de 1.200 indivíduos que trabalham internacionalmente, trata do impacto previsto que a Inteligência Artificial (IA) generativa terá no futuro do trabalho profissional. O levantamento mostrou que 67% dos entrevistados acreditam que a IA terá uma influência transformacional ou elevada em sua profissão nos próximos cinco anos. Além disso, mais da metade dos consultados (66%) prevê que a ferramenta criará novos planos de carreira profissional, enquanto 68% esperam que as funções que não exijam qualificações legais ou fiscais tradicionais aumentem nos próximos cinco anos.
Especificamente entre os advogados, espera-se a melhoria da produtividade e da eficiência como os maiores efeitos positivos da IA (75% e 67%, respectivamente). Além disso, os escritórios jurídicos veem esta tecnologia como uma oportunidade para aumentar a receita, já que mais da metade (55%) dos profissionais previram que custos mais baixos para as empresas, resultantes do uso de IA, levarão a uma maior lucratividade. Além disso, 81% dos advogados esperam que novos serviços surjam nos próximos cinco anos, criando novas fontes de receita.
Além do mais, 58% dos entrevistados antecipam um aumento das suas competências profissionais, enquanto mais de dois terços dos profissionais do Direito estimam uma abordagem mais consultiva ao aconselhamento. Como as competências serão altamente valorizadas, é provável que surjam novas carreiras, com 81% antevendo um aumento na utilização de prestadores de serviços jurídicos alternativos.
Ainda de acordo com os advogados entrevistados, a profissão precisa lidar com a carência de habilidades tecnológicas, bem como com a falta de investimento em tecnologia. Quanto às áreas de preocupação, a principal questão é a precisão (30%).
“Estamos em um momento único em que temos a oportunidade de perceber os benefícios da inteligência humana, do pensamento e da colaboração de forma diferente, enquanto usamos o potencial da IA para superar alguns dos maiores pontos de dor dos profissionais em geral”, assinala Steve Hasker, presidente e CEO da Thomson Reuters.
“Por meio da aplicação da Inteligência Artificial para realizar tarefas mais mundanas, os profissionais têm a oportunidade única de abordar questões de capital humano, como satisfação no trabalho, bem-estar e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Isso, por sua vez, desbloqueará tempo para que os profissionais se concentrem em trabalhos complexos que agreguem valor às necessidades de seus clientes”, completa ele.
Em meio à natureza mutável do trabalho, as organizações em todos os setores continuam a adotar a IA em seus fluxos de trabalho diários. A maioria dos entrevistados compartilhou otimismo em torno do poder desta ferramenta, com 45% fixando suas maiores aspirações quanto ao seu uso na melhoria da produtividade, eficiência interna e serviços ao cliente, especificamente no que diz respeito a operações convergindo com seu talento, clientes e ambiente.
Redefinição da consultoria
Além disso, 67% dos entrevistados indicaram que seu maior motivador pessoal foi “produzir conselhos de alta qualidade”. Para continuar esse trabalho na era da IA generativa, os profissionais precisam reconsiderar e redefinir o que significa ser um consultor e evoluir os modelos de negócio para preparar e atender os clientes para o amanhã – não apenas o hoje.
Falando sobre a América Latina, Adrián Fognini, Managing Director da Thomson Reuters América Latina, avalia que os profissionais da região mostram hoje mostram hoje uma inclinação mais forte para a adoção de tecnologia, motivados pelos objetivos de servir melhor os seus clientes e promover a inovação.
“Ao mesmo tempo, eles entendem a importância de refinar suas habilidades tecnológicas para superar barreiras e atingir todo o seu potencial. É um momento decisivo para os profissionais moldarem ativamente o futuro de suas profissões. Como seus parceiros nesta jornada, estamos investindo em tecnologia inovadora orientada por conteúdo para ajudá-los a navegar diligentemente pelas oportunidades”, destaca o executivo.
Segundo outras constatações do relatório, mais de um quarto (28%) dos profissionais diz que o trabalho impacta negativamente sua saúde mental e bem-estar. Longas jornadas de trabalho e medo de errar são os dois principais fatores que impulsionam essas percepções. A IA tem o poder de aliviar parte dessa carga, reduzindo o tempo necessário para obter as informações precisas e contextualizadas necessárias para resolver um problema, reduzindo o risco de erros e automatizando tarefas rotineiras.
Compreensivelmente, atesta a pesquisa, os profissionais são cautelosos. Especificamente, as maiores preocupações incluem comprometimento com a precisão (25%), perda de emprego (19%), extinção da profissão (17%), segurança de dados (15%) e ética (15%). Criar IA que resolva os maiores pontos de dor dos clientes de forma transparente e responsável, fornecendo resultados confiáveis, ajudará a inspirar confiança e aliviar medos.
As conclusões relativas a outros segmentos específicos foram as seguintes:
Profissionais tributários e contábeis:
- A produtividade é a maior prioridade para os escritórios fiscais e contábeis (59%), enquanto a eficiência interna (75%) lidera a lista nos departamentos corporativos;
- “Produzir conselhos de alta qualidade” lidera a lista de motivadores para a maioria dos profissionais (67%). Na área tributária, o crescimento de uma prática consultiva é um caminho para que as empresas se diferenciem e iluminem a expertise dos funcionários;
- Os profissionais preveem que novos planos de carreira estarão disponíveis (66%), incluindo aumento em funções que não exigem qualificações fiscais tradicionais (68%), nos próximos cinco anos.
Profissionais de governo:
- As questões de talento tendem a ser uma prioridade maior para os profissionais do governo do que para seus colegas corporativos, e eles tendem a sentir mais otimismo de que a IA possa ajudar em algumas dessas áreas. Treinamento, recrutamento, bem-estar e engajamento foram prioridades organizacionais mais comuns entre os profissionais do governo;
- No geral, os profissionais do governo tendem a pensar que a adoção de IA será mais lenta do que nas corporações, devido aos temores de segurança de dados e à resistência geral às mudanças, tendo, portanto, menor impacto.
Metodologia
O estudo foi realizado durante os meses de maio e junho de 2023, por meio de uma pesquisa on-line. Mais de 1.200 profissionais das profissões jurídicas, tributárias, contábeis e de risco empregados por corporações, firmas e órgãos governamentais completaram a pesquisa. Cerca de metade dos participantes estava baseada nos Estados Unidos, com a maior parte da metade restante do Reino Unido, Canadá e América Latina.
A maioria dos entrevistados estava em funções tradicionais, o que significa que aqueles no setor jurídico eram advogados, aqueles no setor tributário e contábil eram contadores e CPAs (Contador Público Certificado, no inglês), e uma pequena minoria desempenhava funções em operações e tecnologia. Além disso, a maioria dos entrevistados representava os Baby Boomers (nascidos entre 1946-1964), seguidos pelas gerações X (1965-1980) e Millennial (1981-1996). Uma parcela dos entrevistados era da Geração Z (1997-2012) ou da Geração Silenciosa (nascidos antes de 1946).
Para ter acesso ao relatório completo em inglês, acesse site.