Tecnologia é o motor de mudanças no ambiente tributário brasileiro

Com o uso de soluções digitais, as empresas estabelecem um novo patamar de organização e gerenciamento de dados, eliminando a ocorrência de erros e tornando a entrega muito mais assertiva, sem que informações incorretas prejudiquem a relação com o Fisco

Por Marcelo Simões*

São inúmeras as razões que colocam o ambiente tributário brasileiro sob análise constante. Para quem não está acostumado com o assunto, as alegações podem até parecer repetitivas, mas, de fato, não há como retirar de pauta os obstáculos que marcam a relação fiscal de empresas e órgãos responsáveis. Dificuldades as quais, se não tratadas com a devida expertise, podem culminar em problemas de gravidade ainda maior, voltados para integridade e a própria austeridade financeira do negócio.

Recentemente, em um estudo desenvolvido pelas áreas de Direito e Economia das escolas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), constatou-se que o PIB per capita do Brasil poderia ser 6,2% maior, se o país utilizasse o nível médio de complexidade fiscal do México, da Colômbia e da África do Sul.

O relatório é extremamente interessante e expõe um histórico preocupante, no que diz respeito à punição por condutas indevidas: o modelo brasileiro se apoia na aplicação da multa qualificada com base em critérios subjetivos, indo na contramão dos demais países classificados como parâmetro. A demanda, então, é por processos que priorizem metodologias eficientes e pragmáticas, dentro de um cenário de simplificação e conformidade fiscal.

E como a tecnologia entra no debate?

A urgência por melhorias é evidente e vai ao encontro de iniciativas conduzidas em nível público, como é o caso da reforma tributária. Em Brasília, o tema caminha em um ritmo acelerado, movimentando lideranças políticas e prometendo, na teoria, solucionar pontos críticos para o bom funcionamento do ordenamento tributário.

Mas para as empresas, entretanto, é preferível olhar para dentro e reconhecer operações passíveis de aprimoramento, enquanto ações que fogem do escopo do contribuinte estão avançando. Permanecer inoperante não é uma opção, visto que atividades fiscais não param de exigir uma resposta factual por parte dos gestores.

A tecnologia entra no debate como uma alternativa viável de se fortalecer a área tributária e seus braços operacionais. Por meio da implementação de ferramentas e softwares especializados, é possível aportar toda a atividade fiscal, de modo a garantir que cada etapa de cumprimento de obrigações fiscais seja respaldada digitalmente. Como resultado, a empresa estabelece um novo patamar de organização e gerenciamento de dados, eliminando a ocorrência de erros e tornando a entrega muito mais assertiva, sem que informações incorretas prejudiquem a relação com o Fisco.

Para além de uma estrutura interna amplamente efetiva, com a presença tecnológica, o contribuinte tem condições de acompanhar alterações e novidades promulgadas na legislação fiscal, criando os pilares ideais para um espaço de Compliance e respeito às regras vigentes. Em resumo, trata-se de uma medida indispensável se pensarmos no papel a ser exercido pelas organizações, independentemente de projetos encabeçados pelo Governo Federal.

Portanto, não há dúvidas de que a inovação concede autonomia ao usuário, deixando-o isento de fragilidades historicamente comuns em nosso ambiente tributário. Com um DNA de simplificação e colocando a conformidade como um objetivo a ser perseguido, a tecnologia sintetiza, com fidelidade, o que o Brasil realmente precisa para transformar a rotina tributária de milhões de contribuintes.

*Diretor de Operações e Cofundador da Comtax, empresa especializada na área fiscal     

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