Tecnologia está na base da agenda ESG e da governança corporativa

Ter um bom programa de compliance, de preferência contratando uma consultoria experiente e eficiente, sem dúvida é crucial para alimentar o eixo G do ESG

Ivo Cairrão (*)

A gestão ESG (Ecologia, Social e Governança) é uma abordagem para acompanhar, avaliar e melhorar a conduta de uma corporação quando se trata da responsabilidade socioambiental. Dentro disso, a governança corporativa tem ganhado força no cenário e a tecnologia pode aprimorar os processos internos de uma empresa.

Segundo a edição do Third Party Risk Management (em tradução, Gerenciamento de Riscos de Terceiros) deste ano, 42% das empresas brasileiras utilizam mecanismos formais para monitorar as alterações externas e internas que demandem revisão de riscos, que é padronizada pela governança corporativa.

A sigla ESG surgiu em 2004 em um relatório intitulado Who Cares Wins (Quem se importa, ganha), feito pelo Banco Mundial ao lado do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). O intuito do documento era trazer reflexões sobre a importância de incorporar os fatores ambientais, sociais e de governança no dia a dia das empresas.

O crescimento dos pilares do ESG dentro das companhias aconteceu, principalmente, por conta da preocupação com as mudanças climáticas. No entanto, a tecnologia possui um papel indutor dentro da jornada ESG por meio da aplicação das ações, a análise e acompanhamento dos processos, a facilitação de comunicação e, principalmente, no armazenamento de resultados.

O ESG possui impacto direto e indireto nas empresas de todo o porte, em especial nas grandes corporações. As políticas de governança, por exemplo, fazem com que fraudes e erros corporativos sejam minimizados, evitando que a empresa seja envolvida em escândalos de corrupção, de destruição de ambientes saudáveis ou de uso indevido dos ditames dos códigos de moral e ética e, por conta desses deslizes, tenham que pagar multas, ou até mesmo lidar com uma reputação manchada.

Implementação de uma gestão ESG

A tecnologia contribui diretamente na implementação de uma gestão ESG de diversas formas. Um exemplo disso é a inserção do sistema de um canal de denúncias – que faz parte de um programa de compliance –, o qual é o meio apropriado para comunicação de eventuais, e até possíveis, irregularidades dentro das empresas, conforme o art. 57 do decreto nº 11.129/2022.

O canal de denúncias eficiente faz com que a empresa consiga ter as posições de cada denúncia em tempo real, com dashboards intuitivos e relatórios personalizados. Ter um bom programa de compliance, de preferência contratando uma consultoria experiente e eficiente, sem dúvida é crucial para alimentar o eixo G do ESG. É dentro da governança que colocamos um bom programa de compliance. No entanto, apenas o programa não cobrirá todo o guarda-chuva ESG, é preciso considerar outros eixos da sigla.

A checagem de antecedentes, também conhecida como background check, trata-se de  outra alternativa para fortalecer a governança. A ferramenta auxilia as empresas a conhecerem mais as companhias com as quais estão fazendo negócio, assim como, saber mais sobre colaboradores que estão sendo contratados. O intuito é minimizar futuros problemas.

background check também pode servir para identificar se empresas estão realmente de acordo com as diretrizes ESG, evitando o greenwashing. O recurso consegue captar se a empresa pesquisada está em desacordo com as práticas ESG, ou seja, se já sofreu processos por essa causa ou se está envolvida em algum escândalo.

Além disso, a ferramenta também é exigida pelo decreto nº 11.129/2022, principalmente para despachantes, consultores, representantes comerciais e associados, PEPs e seus familiares, estreitos colaboradores e pessoas jurídicas de que participem.  Tudo isso faz parte da implementação de um programa de compliance.

Outro desafio das políticas sociais, ambientais e de governança é a implementação delas em pequenas e médias empresas, que são maioria no Brasil. Porém, o Grupo IAUDIT não enxerga o ESG como um desafio, mas como o único caminho para que as organizações sejam sustentáveis e busca vivenciar o ESG como algo intrínseco, útil para a constante preocupação de redução e custos e despesas e aumento de receitas; além de sua perenidade (parte de um Plano de Continuidade dos Negócios).

As políticas de meio ambiente e social também têm impacto em uma corporação de grande porte, uma vez que tais políticas fazem com que a empresa seja reconhecida por sua responsabilidade socioambiental e possua um desenvolvimento sustentável alinhado com o ambiente e segmento em que está inserida.

(*) Sócio fundador e conselheiro do Grupo IAUDIT

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