Bernardo de Azevedo, advogado, professor e pesquisador de novas tecnologias
Pesquisa global do Gartner mostra que muitos profissionais jurídicos nas empresas estão atrasando projetos em razão do esgotamento. A construção de habilidades dinâmicas com a automação de processos pode ser um dos caminhos para reduzir o problema.
Os efeitos do home office na condição psicológica dos profissionais têm sido muito debatidos nos últimos meses, pois a pandemia revelou o total engano daqueles que acreditavam que trabalhar em casa seria sinônimo de maior tranquilidade. Em uma pesquisa global recente feita pelo Gartner junto a advogados corporativos, 54% deles se declararam exaustos em algum grau, sendo que, entre os 20% que afirmaram estar nos níveis mais elevados deste sentimento, 61% apontaram como consequência o fato de frequentemente atrasarem ou eliminarem projetos nos quais estão envolvidos.
A consultoria explica que o trabalho, feito em julho, abordou 202 advogados de empresas usando como metodologia um inventário de burnout de Bergen que, na prática, se refere a um conjunto de perguntas comumente usadas para quantificar a exaustão.
Segundo o diretor sênior de Pesquisa da Prática Gartner Legal & Compliance, James Crocker, os impactos negativos da exaustão dos advogados podem aumentar porque os profissionais que saem da empresa onde trabalham, ou aqueles que trabalham de forma ineficiente, acabam por aumentar a carga de trabalho de todo o departamento. “Os líderes jurídicos precisam de uma maneira de cortar a exaustão pela raiz”, comenta.
Uma das maneiras de fazer isso de forma mais rápida e eficiente é ampliar o uso da tecnologia, apostando na hiperautomação dos processos. O advogado, professor e pesquisador de novas tecnologias, Bernardo de Azevedo, afirma que as ferramentas tecnológicas têm demonstrado um significativo potencial para otimizar as atividades no âmbito jurídico, aumentar a produtividade e obter mais e melhores resultados.
“O uso dos chamados robôs para a realização de tarefas repetitivas, operacionais e cansativas, libera o profissional para as funções estratégicas e isso contribui para a redução da exaustão”, comenta ele.
Segundo o CEO da Kroonos, plataforma de compliance que realiza pesquisas utilizadas no ambiente jurídico, além de economizarem tempo e reduzirem custos, os algoritmos ampliam a eficiência do advogado e liberam tempo para que ele possa desenvolver atividades prazerosas.
“Encontramos rapidamente os dados que os profissionais de Direito escolhem ter em mãos no momento que precisam. Desta forma, com menos esforços e investindo uma quantidade menor de recursos, eles têm a oportunidade de obter maior quantidade de resultados positivos nos projetos”, garante.
Segundo o estudo The Future of Legal, do Gartner, os líderes jurídicos terão que conduzir seis mudanças básicas em seus modelos de operação para avançar na construção de um ambiente mais saudável para seus profissionais. São elas:
o Explore os problemas rapidamente;
o Priorize o trabalho pelo impacto na tomada de decisões;
o Escala de equilíbrio e capacidade de resposta;
o Crie uma rede baseada em tarefas;
o Experimente entregar resultados de negócios;
o Promova a construção de habilidades dinâmicas.