É preciso levar a sério o Dia Internacional da Proteção de Dados Pessoais

Apesar de o Brasil ser um dos países mais atingidos por ciberataques, é triste constatar que ainda vivemos em uma sociedade que não dá o devido valor para o tema 

Thiago Bordini (*)

Você sabia que nessa semana, mais precisamente em 28 de janeiro, é celebrada na comunidade internacional o Dia da Proteção de Dados Pessoais? Instituída em 2006 a partir de uma demanda do Comitê de Ministros do Conselho da Europa (CE), a data visa conscientizar as pessoas sobre a importância das políticas de privacidade na Internet, além promover discussões acerca da proteção dos dados pessoais.

Vale lembrar também que o dia escolhido remete à Convenção 108, de 1981, em que foram instituídas as primeiras normas para garantir o direito fundamental à privacidade e especificar boas práticas no tratamento de informações.

No Brasil, como sabemos, a discussão sobre o tema já perdura há mais de uma década. É verdade, no entanto, que avançamos nos últimos anos, com o advento da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD ou Lei nº 13.709/2018) e a criação de autarquias específicas – esse movimento, inclusive, nos incluiu em um seleto grupo de países com legislação própria sobre o assunto.

Mas um ponto que quero trazer para reflexão aqui é: com tanta comemoração esdrúxula em nosso País, por que ainda não incluímos essa importante data em nosso calendário nacional? Por qual motivo não vemos ações a respeito? É triste constatar que ainda vivemos em uma sociedade que não dá o devido valor para tal tema, mesmo que infrações à privacidade sejam cada vez mais comuns.

Com mais de 3,4 bilhões de ataques registrados até o terceiro trimestre no ano passado, o Brasil é um dos líderes em casos em todo o mundo. Vivenciamos isso em nosso dia a dia, pois todo mundo conhece alguém que já tenha tido algum contratempo do tipo.

Por meio dos serviços de monitoramento que realizamos em ambientes ilícitos, é possível afirmar que a proteção de dados pessoais nunca foi tão importante quanto agora. As nossas informações pessoais têm tido um valor cada vez maior no mercado. E é por essas e outras que a data, mais do que nunca, deveria ser mais celebrada e discutida.

Unir elos do mercado de segurança digital

Precisamos trazer luz à relevância do dia 28 de janeiro, com a união entre todos os elos do mercado de segurança digital, de forma a conscientizar os usuários sobre a importância da proteção dos dados e estimular as empresas a serem mais responsáveis sobre esse tema.

A data – junto do Dia Internacional da Segurança da Informação, celebrado em 30 de novembro – repercute muito pouco por aqui. Até profissionais da área desconhecem.

Converse com o seu time, promova um webinar para um setor específico, ou até mesmo para todos na empresa, lance a campanha #diadaproteçãodedadospessoaisBR, enfim, vamos apropriar a data em nosso calendário para amadurecer cada vez mais o mercado.

Mesmo cada vez mais conectados e, consequentemente, mais expostos, não podemos achar que a manutenção de nossa privacidade seja uma utopia. Os criminosos cibernéticos sempre estarão por aqui tentando aproveitar toda e qualquer brecha. Cabe a nós compartilhar conhecimento e metodologias de modo a enfrentá-los. Estabelecer a data nacionalmente e mergulhar fundo nessa campanha, certamente, já é um primeiro passo.

(*) Diretor de inteligência cibernética do Grupo New Space

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