A hora do IPO: tecnologia e governança ajudam companhias a se lançar na Bolsa

O cuidado com os dados, a transparência, a governança, a gestão dos processos internos e o compliance em todas as áreas são cruciais para o sucesso da corporação que pretende entrar no mercado de capitais

Gilsomar Maia (*)

A pandemia de COVID-19 abalou a economia em 2020. Mas, por outro lado, quase que andando na contramão, a Bolsa de Valores conseguiu superar as perdas iniciais com uma recuperação impressionante, reflexo da liquidez promovida pelas medidas dos Bancos Centrais em todo o mundo, além dos juros baixos no Brasil, que deixaram o mercado de capitais mais atrativo para captação de recursos.

Foi por esse motivo que, mesmo com todas as incertezas, 2020 bateu o recorde no número de investidores na B3, com 25 aberturas de capital (IPO), o que movimentou expressivos R$ 31,7 bilhões ao longo do ano. Ainda que algumas empresas tenham desistido do processo por conta do cenário desafiador, há atualmente na fila mais de 40 pedidos de registro de IPO junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Portanto, para aqueles que planejam se lançar na bolsa, talvez seja o momento ideal para começar a se preparar para o próximo período.

E para estas empresas que desejam abrir seu capital, fazer a lição de casa é essencial. O processo pode ser longo e está longe de ser uma tarefa simples, mas existe sim uma receita básica a seguir. Essa fase de preparação implica em criar uma maturidade com relação à governança corporativa e à gestão de processos internos na companhia, que resultam no caminho de transparência que uma empresa de capital aberto de sucesso precisa ter.

E essa receita tem um ingrediente fundamental: a tecnologia. É fundamental ter em mãos, a todo tempo, uma variedade de dados que estejam fomentados por ferramentas tecnológicas – como softwares e sistemas de gestão –, que sejam compilados e relatados com precisão e agilidade.

Além disso, é muito importante também que a tecnologia esteja atualizada e seja fornecida por empresas reconhecidas no mercado, para ser devidamente empregada em todas as áreas internas: desde a elaboração de relatórios, como também na contabilidade, no departamento financeiro, tesouraria, no departamento jurídico, no RH, nas relações com investidores e a imprensa… Ou seja, o cuidado com os dados, com a transparência, governança e compliance em todas as áreas é crucial para o sucesso da corporação que pretende entrar na Bolsa.

Planejar o IPO é também um processo de amadurecimento da companhia. Uma boa dica é criar o hábito de se ter balanços auditados antes mesmo de iniciar um processo de IPO. Ele servirá como uma prévia da obrigatoriedade que as empresas listadas possuem de divulgar seus resultados financeiros a cada trimestre. Mais uma vez, estar munido de ferramentas tecnológicas adequadas vai apoiar muito nessa etapa.

Uma prova da importância da governança para o IPO é o fato de que, segundo dados da B3, quase 70% das ofertas iniciais de ações foram de companhias que entraram diretamente no segmento Novo Mercado, que é o nível mais exigente com relação a esse tópico na Bolsa. Dos 25 IPOs realizados no ano passado, apenas duas empresas não entraram nessa listagem de Novo Mercado. Isso nos mostra que a governança está sendo levada muito a sério, e a tecnologia é o meio para pavimentar os caminhos das exigentes regras de transparência.

(*) VP Administrativo e Financeiro e Diretor de Relações com Investidores da TOTVS

 

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