Recursos de análise de dados, Robotic Process Automation, mineração de processos, Inteligência Artificial e Machine Learning capacitam as auditorias a aprimorarem a gestão e mitigação de riscos
Bruno Giometti (*)
Com a digitalização dos processos impulsionando a inovação e as mudanças nos negócios, como consequência surgem duas questões: será que a auditoria interna está se adequando o suficiente para inovar e abraçar as tecnologias subjacentes? A gerência executiva e o conselho devem se preocupar?
O futuro digital desta área não é mais hipotético, ele já começou e as ferramentas e os recursos não estão somente disponíveis, mas sendo implantados de maneiras criativas. A auditoria interna precisa se capacitar para reconhecer as ameaças emergentes e as mudanças no perfil de risco das organizações de forma rápida e eficiente para incorporá-las no seu planejamento e resolvê-las.
Para tanto, é necessária a adoção de uma abordagem holística com foco em três categorias amplas: governança com visão estratégica; estrutura organizacional; e gestão dos recursos da função. Os objetivos são fáceis de entender, mas os mecanismos para implementar tais mudanças, no entanto, variam de acordo com a companhia e estão interligados à cultura inovadora dos profissionais à frente desta área.
Todo executivo chefe de auditoria precisa conhecer as atividades, as ferramentas implementadas na companhia e seu processo de transformação digital, assim como obter ampla experiência em análise de dados e de riscos. Entretanto, algumas tecnologias relacionadas à inovação devem ser observadas para que a área alcance um novo patamar. São elas:
1) Análises de dados: utilizá-las para desenvolver uma visão holística dos riscos e avaliações dos profissionais, além de fluxogramas e sistemas de alerta;
2) Processos automatizados: o Robotic Process Automation (RPA) é um meio poderoso de eliminar tarefas manuais intensivas, permitindo que os auditores foquem seus esforços nos processos que exigem julgamento profissional;
3) Mineração de processos: esta tecnologia utiliza dados no início do ciclo de auditoria para desmiuçar o funcionamento dos processos, permitindo a análise das informações com rapidez a fim de identificar possíveis riscos e falhas de controle e ineficiências, bem como direcionar seu foco para os principais problemas e oportunidades, proporcionando ganhos de eficiência, relevância e assertividade;
4) Inteligência Artificial e Machine Learning: este recurso avançado aumenta a eficácia de testes complexos e fornece análises profundas. Tudo, em tempo real.
A utilização dessas tecnologias tem o potencial de aumentar a entrega de valor dos auditores internos aos executivos chefes e aos membros do conselho, tornando uma lembrança do passado o processo de planejamento anual estático.
Na era digital, os profissionais à frente desta área precisam repensar como suas funções planejam, executam e entregam resultados, a fim de fazer crescer e sustentar o valor aportado da organização.
(*) Diretor de Auditoria Interna e Assessoria Financeira na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados